Crítica: Planeta dos Macacos- A Guerra

Eis a Conclusão da Trilogia

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Lançado em 1968, O Planeta dos Macacos se tornou um Cult e uma das ideias mais famosas da cultura pop: um astronauta cai em um planeta desconhecido, que é dominado por macacos mais fortes e inteligentes, que tratam humanos como animais. O longa teve quatro continuações e uma refilmagem feita por Tim Burton, em 2001, que não merece ser comentada. Dez anos depois, a Fox decidiu fazer um reboot da série com o ótimo Planeta dos Macacos: A Origem, que iria contar como os macacos dominavam o planeta, tendo como protagonista o chimpanzé César, interpretado por Andy Serkis por meio de motion capture. O filme foi um sucesso inesperado, tendo agradado tanto público quanto crítica e fizeram a continuação em 2014, Planeta dos Macacos: O Confronto que conseguia ser tão bom quanto o primeiro. Agora, o ciclo se fecha com esse novo filme, Planeta dos Macacos: A Guerra e o resultado continua acima da média.

O longa se passa logo após os acontecimentos do filme anterior, quando Koba (Toby Kebbell) decide atacar uma cidade com os humanos sobreviventes do vírus que quase acabou com a humanidade. Os humanos declaram guerra aos macacos e são liderados pelo frio e terrível Coronel (Woody Harrelson). César (Andy Serkis) ainda acredita na paz entre os dois povos, mas irá perceber que o Coronel não compartilha da mesma ideia.

Planeta dos Macacos: A Guerra
Planeta dos Macacos: A Guerra | Imagem: Fox Films

Matt Reeves retorna para a direção e assina o roteiro junto com Mark Bomback (Wolverine: Imortal). Reeves faz um excelente trabalho como diretor. É muito raro ter um blockbuster como esse que foque tanto no drama. Durante os 140 minutos de filme, só tem duas grandes sequencias de ação. O resto é construído através da tensão, com Reeves junto com a fotografia de Michael Seresin. Notem como é utilizado a luz e a sombra, sempre deixando metade dos rostos dos atores coberto pela sombra. Isso acontece quando os personagens estão em momentos de ações importantes que mostra os personagens estão divididos entre o amor e o ódio. Ainda na fotografia, que junto com a direção de arte de James Chinlund, – ambos guiados pela direção de Reeves – criam uma lógica visual que enfocam como o mundo está destruído. É só notar que a maioria dos cenários são tristes e sem vida, com exceção da aldeia dos macacos. Como o diretor utiliza planos abertos por boa parte do filme, isso aumenta a sensação de solidão do mundo. E sempre evitando o clichê da câmera tremida e com planos e movimentos de câmera muito calmos e que aumentam a tensão.

Um dos pontos mais fortes da direção de Reeves é na sua direção de atores. É uma direção clássica, que fica por muito tempo no olhar dos atores, deixando que essa característica seja fundamental para contar a história. O roteiro evita exposição gratuita deixando a expressão corporal do elenco como principal elemento da narrativa. Aliás, o lenço se mostra muito bem encaixado e todos mostram excelentes performances. Andy Serkis cria um César humano e expressivo que consegue se tornar cada vez mais crível – isso se deve a ótima performance do ator, além do efeito especial – utilizando todo o seu corpo. O resto do elenco que interpreta os macacos se mostra muito bem, com destaque a Steve Zahn que se torna o alívio cômico do filme, mesmo sendo deslocado em alguns momentos do filme. Dos humanos, a novata Amiah Miller se mostra uma grata surpresa tendo química com os macacos e se mostrando madura nos momentos que exigem dela, enquanto Woody Harrelson que tem poucos minutos em tela faz um trabalho muito forte. Por mais que o Coronel possa ser visto como um vilão cruel e frio, a atuação de Harrelson o deixa com mais camadas que o deixa mais humano.

Planeta dos Macacos: A Guerra
Planeta dos Macacos: A Guerra | Imagem: Fox Films

Outro fator que faz com que a tensão do filme seja ininterrupta é a excelente trilha de Michael Giacchino. É um dos seus trabalhos mais inspirados já realizou, por ser uma trilha que complementa o sentimento da cena, ao invés de dizer o que precisa sentir. Como é uma produção com poucos diálogos era importante que a trilha não fosse muito pesada e o trabalho de Giacchino se mostra pontual. Além de ter temas muito bem compostos e emocionantes.

Como tudo não é só elogios, Planeta dos Macacos: A Guerra tem um problema quanto a sua duração. Como disse, é uma obra de 140 minutos, que fica a sensação que poderiam ter sido cortados pelo menos 15 minutos. Além do filme se inchado, tendo excesso de núcleos dramáticos do segundo para o terceiro ato, que acabam a atrasando a história. Outro problema está na exposição ao uma grande referência que é feita duas vezes, sendo que na segunda parece de maneira berrada.

Dito isso, não tem como negar que esse é um dos grandes filmes do ano. Essa trilogia de Planetas dos Macacos fez muito bem e mostrou como se pode fazer um bom reboot. Três longas que recontaram uma história que se mostrou uma boa ideia, ao invés de simplesmente refazer o filme original.

Veja a ficha técnica e elenco completo de Planeta dos Macacos: A Guerra

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