Crítica: Jobs

Muito Apple, pouco Jobs.

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Jobs é o primeiro dos filmes que contam a história de como Steve Jobs virou o grande magnata que todos conhecemos. Mas não se engane, o longa conta apenas parte de sua biografia, que vai da entrada do executivo na faculdade, na década de 70, até o lançamento do iPod, em 2001. Na realidade, nem chega até 2001, pois o lançamento é mostrado apenas na cena de abertura, onde Ashton Kutcher aparece com uma representação impecável de Jobs.

Comparação de Steve e Ashton
Comparação de Steve e Ashton
Ashton Job
Ashton Job

 

 

 

 

 

O foco da trama a torna incompleta. Não me refiro ao fato de terminar bem quando Steve chega ao topo, sem nem ao menos mostrar seus problemas de saúde, é compreensível terminar aí, afinal, não é nada fácil resumir uma vida de conquistas e o nascimento de uma das maiores empresas conhecidas em duas horas. O problema está nos saltos no tempo e nas lacunas mal preenchidas. Muitas perguntas ficam sem resposta, como a gravidez indesejada da namorada de Jobs, que ele acaba expulsando de casa e assim renegando o filho. Mais a frente, quando a Apple já é uma empresa de sucesso, ele se recusa a assinar um documento que permitiria as visitas à sua filha. Depois, em um dos saltos temporais do filme, ele já está com a sua filha, Lisa, adolescente passando as férias em sua casa, sem a menor explicação de como Jobs mudou de ideia, como eles se reconectaram ou como foi o processo. A saída e a volta de Jobs à empresa também fica bem pouco explorada. A impressão que fica é que acabaram dando um destaque muito maior para a criação da Apple do que pra vida daquele que leva o nome no título da obra. Sua vida pessoal é bastante apagada.

O que o longa peca em desenvolvimento de roteiro, compensa na semelhança dos atores com os personagens em que foram baseados. A produção consegue representar perfeitamente os indivíduos citados. Para comprovar as semelhanças, as cenas nos créditos apresentam imagens reais de cada um deles ao lado dos atores caracterizados.

Ashton fez sim um ótimo trabalho como Jobs. Apesar das reclamações sobre a atuação dele, o ator entrega bem seu papel sem deixar nada a desejar. Kutcher assistiu a vários vídeos de apresentações de Steve e isso realmente fez diferença no filme. A similaridade nos gestos durante as apresentações e o jeito arcado de andar ficaram realmente muito parecidos, somados a uma maquiagem competente foram capaz de deixá-lo extremamente parecido com o criador da Apple. Ashton chegou a viver apenas à base de frutas e suco de cenoura, reprisando a dieta que Jobs seguia, o que lhe causou uma internação por conta de problemas estomacais.

Jobs não é uma obra surpreendente, não chegou a suprir as expectativas que fizeram do mesmo, mas não é um filme ruim. Parece ter sido feito para os fãs de Steve Jobs, que já leram a biografia e conhecem todos os fatos da vida dele, para quem não tem esse conhecimento todo, fica difícil entender a vida de Jobs apenas pelo longa. Fica bem claro aqui, que a Apple realmente não seria nada sem o Jobs.

Jobs e Woz
Jobs e Woz

Entretanto, apesar de ressaltar a importância de Jobs na criação da Apple, o longa não esconde o quanto Woz (Josh Glad) colaborou para essa conquista e foi totalmente ofuscando, não levando o crédito merecido.

Veja a ficha técnica e elenco completo de Jobs

 

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