O livro A Camareira é a obra de estreia da autora Nita Prose e que em breve ganhará uma versão cinematográfica pela Universal Pictures e protagonizada por Florence Pugh (Viúva Negra, Adoráveis Mulheres, Midsommar e Don’t Worry Darling).
A Camareira segue os mesmos traços de livros de mistérios como de Agatha Chistie, com sua protagonista, Molly, tentando desvendar o assassinato do Sr. Black. E assim como as narrativas da escritora mais famosa dos livros de detetives, Nita Prose nos apresenta uma personagem diferente do habitual.
Ela não é um Hercule Poirot, com suas manias e modos, mas é neurodivergente (não é dito no livro). Uma pessoa neurodivergente é aquela que tem um desenvolvimento neurológico atípico. Ou seja, diferente daquilo que se considera padrão na sociedade. O termo foi criado na década de 1990 e adotado pela comunidade autista de imediato. Em seguida, outras comunidades também começaram a adotar o termo.
Com isso, Molly é uma personagem que entende o mundo como ele é e não com as ironias e comparativos que a sociedade exige que todos vivam. Chega até a ser engraçado através de sua ótica, quando percebemos o quanto temos que comparar a vida com algo, quando apenas dizer que está bem ou ruim já seria o suficiente.
O livro é interessante, com uma boa história, uma protagonista curiosa (no sentido que é curioso saber mais a respeito dela) e um mistério que algumas vezes lembra filmes como Entre Facas e Segredos, com seus personagens caricatos.
Mas é aí que o livro se torna, um tanto cansativo. A história é realmente boa e o leitor irá querer chegar até o final para descobrir quem é o assassino, como acontece em bons livros de mistérios. Tudo acontece em uma semana, mas não existe aquela reviravolta que autores como a própria Agatha Chistie ou Sideny Sheldon nos acostumaram tanto.
A história acontece de forma linear e apenas vai acontecendo através dos olhos de Molly. Não que isso seja ruim, pelo contrário. Caso já tenha lido alguma obra de Aghata Cristie como O caso do Hotel Bertram e Morte na Mesopotâmia, irá compreender bem o estilo. Caso não tenha lido, é apenas entender que a narrativa segue sem flashbacks e as soluções estão todas em detalhes comentados pela protagonista ou alguém próximo a ela.
E em vez de termos uma trama que deveria ter algo que levasse a novas dúvidas e reviravoltas, A Camareira apenas segue em sua narrativa através de Molly, que em vez de se tornar uma crescente, apenas mantém a personagem presa ao seu passado com a avó. Isso chega até ser irritante, pois em todos os momentos a autora nos lembra que a avó de Molly já morreu.
É como se isso fosse o relevante para Molly crescer, sair do ninho e seguir sozinha no mundo, mas a autora não leva isso adiante. São apenas citações que o leitor já sabe desde as primeiras páginas. Também são as longas descrições a respeito do dia de trabalho da personagem como camareira. É interessante saber como é a profissão e como ela em nada difere de outras que exigem atenção e perfeição, além de como essas pessoas são tratadas como desconhecidas.
Essas partes são interessantes da descrição, mas em certos capítulos parecem apenas uma repetição sem sentido e que nada completam ao mistério. Por ser o primeiro livro de Nita Prose, a autora comete esses deslizes, mas que não comprometem o enredo e muito menos o seu final.
A Camareira é um bom livro, com uma história de mistério verossímel, uma protagonista diferente e interessante, mas que infelizmente esbarra em uma narrativa cansativa e que deve afastar alguns leitores mais exigentes que gostam de devorar seus livros.
Sobre o livro
Molly Gray tem dificuldade com interações sociais. Aos 25 anos, a jovem muitas vezes entende errado as intenções das outras pessoas, e sua avó costumava interpretar o mundo para ela, criando regras simples segundo as quais a neta poderia viver.
Desde que a avó morreu, nove meses atrás, Molly tem navegado sozinha pelas complexidades da vida. Sua única alegria é ainda poder se dedicar com prazer ao emprego e realizar um trabalho impecável. Camareira do sofisticado Hotel Regency Grand, tem um amor obsessivo por limpeza e organização, o que a torna a pessoa ideal para o cargo.
Certo dia, ao entrar na suíte do infame e riquíssimo Charles Black, a vida organizada de Molly vira de cabeça para baixo: além de encontrar os cômodos em completa desordem, a jovem se depara com nada menos que o próprio Sr. Black morto na cama. Antes mesmo que entenda o que está acontecendo, no entanto, seu comportamento incomum levanta suspeitas da polícia, e a camareira, acostumada a passar despercebida, logo se vê presa em uma teia de mentiras e mal-entendidos que não faz ideia de como desfazer. Felizmente para Molly, amigos que ela nunca soube que tinha se unem em busca de pistas sobre o que realmente aconteceu com o Sr. Black. Mas eles serão capazes de encontrar o assassino antes que seja tarde demais?
Neste mistério que explora o que significa ser igual e ao mesmo tempo muito diferente de todos à sua volta, o leitor se vê em uma jornada emocionante, em que a verdade por trás de uma história nem sempre é absoluta. E quando as reviravoltas parecerem ter chegado ao fim, é melhor repensar: A camareira está pronta para surpreender.
O livro foi lançado pela Editora Intrínseca.