Em 1919 foi construída a livraria mais famosa da Europa, a Shakespeare and Company, situada em Paris e idealizada por Sylvia Beach, que foi extremamente importante no período entre-guerras. A história de Beach e da criação da livraria já foi retratada no livro autobiografico Shakespeare And Company Uma Livraria Na Paris Do Entre-Guerras.
Como um tributo à livreira visionária que lutou contra a censura para publicar uma das obras literárias mais importantes do século XX, a editora Intrínseca lança A Livreira de Paris, que conta de maneira romantizada a criação desse marco cultural. Através da narrativa de Kerri Maher, que escreve sobre a vida de Beach baseando-se nos fatos e biografias existentes, a trama navega por essa história mostrando o romance da protagonista e usando de uma escrita típica dos clássicos romances da década de vinte.
A Livreira de Paris transporta o leitor para a Paris dos anos 1920 com toda a efervescência cultural da época e suas figuras marcantes. A história tem início quando a jovem norte-americana Sylvia Beach abre a Shakespeare and Company em uma rua tranquila de Paris em 1919. O local é mais do que uma livraria e uma biblioteca: muitos escritores proeminentes dos anos 1920 e 1930, como Ernest Hemingway e F. Scott Fitzgerald, a consideram uma segunda casa. É onde algumas das amizades literárias mais importantes da época são forjadas — em especial, aquela entre o escritor irlandês James Joyce e a própria Sylvia.
Quando o controverso novo romance de Joyce, Ulysses, é censurado nos Estados Unidos, Beach decide assumir um risco enorme e publicá-lo na França. Mas o sucesso e a notoriedade da publicação de um dos livros mais infames e influentes do século vêm com altos custos. O futuro de sua amada loja é ameaçado quando o sucesso de Ulysses atrai outros editores para cortejar Joyce. E, à medida que Paris mergulha cada vez mais na Grande Depressão e diversos amigos expatriados voltam para os Estados Unidos, muitos de seus relacionamentos são colocados à prova. Diante de crises pessoais e financeiras, Sylvia precisa decidir o que a Shakespeare and Company realmente significa para ela.
A Livreira de Paris mostra esses acontecimentos de uma maneira nova e mais fluída, apresentando uma narrativa envolvente que remete aos clássicos da época enquanto ensina bastante sobre a literatura do anos 20. A política e cultura da França é amplamente explorada pela vida pessoal de Sylvia e Adrienne, que mantém um interessante panorama de um romance LGBT. Juntamente a isso, a chegada da Grande Depressão adiciona um pouco mais à riqueza histórica da obra.
Com um ótimo trabalho de pesquisa e representação, A Livreira de Paris conta um fato conhecido, mas de maneira repaginada e fluída. É uma ótima aquisição para saber mais sobre os clássicos da literatura e a criação dessa importante livraria que está presente no cenário cultural de Paris até os dias atuais.