Histórias de mulheres escrita por uma mulher. Este é o livro As Vitoriosas, de Laetitia Colombani, lançado no Brasil pela Editora Intrínseca. A obra da autora, diferente de outros do tema que envolvem mulheres, trabalha a liberdade, os sonhos, desejos, de uma vida que um dia tanto queria, mas que em algum lugar do passado foi obrigada a abandonar.
A personagem principal da história, é uma advogada que passa por um trauma severo logo nas primeiras páginas e se vê envolvida em sua própria vida, da qual agora não quer mais fazer parte. Diagnosticada com burnout, algo incomum de ser tratado de forma séria em obras literárias, Laetitia apresenta ao leitor traços do que esta doença causa nos transtornos psicológicos das pessoas.
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Não apenas o stress elevado ao infinito, mas tudo aquilo que as pessoas não querem ver. Solène, a protagonista, é bem sucedida, com uma carreira e vida pessoal que todos invejam, mas para ter isso tudo ela deve deixar de viver, ou seja, ter uma vida pessoal com simples refeições para fazer, finais de semana com a família e uma vida amorosa.
Enquanto para todos ao seu lado, isso tudo pode ser normal, Solène mostra que para se ter uma vida “sucedida” conforme a sociedade aceita, sua saúde e bem estar devem ser colocados de lado. Após ter esse trauma, ela encontra um novo desafio que não quer se envolver que é ser uma escriba.
O título do trabalho chama a sua atenção e acende uma fagulha de infância e juventude até então esquecidas, de uma pessoa que desejava ser uma escritora, para escrever histórias e se envolver nesse mundo de contos. Mas isso não era algo normal, e como todos, Solène deveria escolher (imposto) ter uma profissão digna e aceita pela sociedade.
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Desta forma, o leitor vai conhecendo não apenas Solène com seu passado e os problemas de saúde e dúvidas sobre o mundo, mas também outras pessoas no abrigo para mulheres Palais de La Femme. Ali ela será confrontada com pessoas totalmente diferentes de seu mundo e encontrando aquilo que ela sempre desejou e agora faz: escrever cartas (histórias) e ouvir o que essas mulheres tem a dizer.
Laetitia Colombani mostra em As Vitoriosas o quanto as mulheres são agredidas em todos os formatos, desde o físico ao psicológico. É uma obra que mostra através dos olhos de uma mulher a violência sofrida por essas personagens que vão desde refugiadas a ex moradoras de rua. E o que todas elas têm em comum, é que jamais foram ouvidas e defendidas pela sociedade, que preza em fechar os olhos quando se trata de abuso contra elas.
As Vitoriosas é um livro forte, diferente e atemporal. Que é uma leitura obrigatória para toda mulher que de alguma forma passou ou passa por abusos das mais diferentes formas e que fará com certeza a leitora se identificar de alguma maneira com alguma destas personagens e histórias e fazer com que homens entendam cada dor e angústia, que a autora apresenta através de personagens carismáticas e sofridas.
Sobre As Vitoriosas
Da mesma autora do best-seller A trança, As vitoriosas narraemocionante história de solidariedade feminina e amizade ambientada em Paris.
O cliente de Solène, uma bem-sucedida advogada parisiense, não dera indício algum de que, ao ouvir sua sentença, atentaria contra a própria vida. Ela tampouco poderia imaginar que testemunhar a cena causaria o colapso de algo dentro de si. Paralisada, Solène sabe que a base que mantinha sua vida de pé ruiu. O médico atesta burnout e recomenda: “trabalho voluntário”. Mas, ao mesmo tempo que retomar a rotina confortável vivida até então não faz mais sentido, ela não tem ideia de como criar para si uma nova realidade.
Quando um anúncio inusitado no jornal a leva até o abrigo conhecido como Palais de La Femme, Solène encontra um grupo diversificado de mulheres, vindas de universos muito distantes do seu, e, aos poucos, começa a redescobrir um senso de propósito ao dedicar algumas horas semanais à função de escriba: no saguão do Palais, coloca-se à disposição das residentes para redigir cartas. Ela perceberá, no entanto, que, tanto quanto a de escrita, sua habilidade de escuta será crucial ali.
Assim como em seu livro de estreia, A trança, Laetitia Colombani entrelaça vidas de diferentes mulheres, jogando luz sobre graves problemas sociais. Em capítulos alternados, acompanhamos as trajetórias da fictícia Solène e da pioneira — e verídica — Blanche Peyron, figura-chave do ativismo francês do início do século XX. Ambas inspiradoras, cada uma à sua maneira, elas aprendem e ensinam a importância da esperança, da solidariedade entre mulheres e da empatia.