À primeira vista, o grande chamativo de Boneco de Pano é o nada convencional assassinato que deixa seis vitimas, costuradas formando apenas um corpo. Mas ao longo da leitura descobrimos que esse estranho arranjo, que fornece o título ao livro, não é o que move a trama, na realidade esse crime apenas abre as portas para várias tensões, onde Daniel Cole não tem medo de ousar e entregar momentos chocantes.
O detetive William Fawkes, conhecido como Wolf, foi alvo de um escândalo quando atacou um suspeito de crimes gravíssimos que estava prestes a sair impune do julgamento. Como consequencia, ficou um tempo preso em um hospital psiquiátrico até que o assassino em questão foi flagrado em um novo crime, dando razão a Wolf e o libertando. Pouco tempo após seu retorno ao trabalho como detetive, a policia encontra o estranho corpo composto por seis vítimas, no apartamento ao lado do de Wolf e apontando para sua janela.
A estranha posição é rapidamente explicada quando a jornalista e ex-mulher de Wolf, Andrea Hall, recebe uma lista com o nome e as datas de assassinatos das próximas vítimas. Para o desespero de todos, o nome final dessa lista é exatamente o detetive Wolf. Agora todos precisam correr para salvar os nomes da lista, na esperança de salvar também o policial, enquanto precisam descobrir a identidade das vítimas que compões o Boneco de Pano e do criminoso por trás de tudo isso.
Dá pra notar que a trama é bem complexa e o chamativo corpo é apenas o começo de tudo. Os acontecimentos se desenvolvem ao redor desse crime e o verdadeiro destaque está nas vítimas da lista, que carregam toda a tensão. Para manter o suspense e o desespero no leitor, Cole usa personagens cativantes e muito bem desenvolvidos, que conquistam com seus jeitos peculiares e deixam até uma vontade de ver mais aventuras com esse time policial com os nervos sempre no limite.
Cole impressiona tanto na criatividade quanto na ousadia, usando de argumentos impressionantes e momentos pesados que se equivalem à maldade empregada no Boneco de Pano – e esse é o grande diferencial dessa obra. Os fãs de um bom thriller vão amar essa narrativa intrigante, forte e cheia de momentos originais. O toque de mestre foi explorar além da investigação, onde o autor apresenta como os jornalistas, com suas práticas imorais em busca apenas de audiência, influenciam nessa investigação.
A revelação do assassino e seus motivos é prolongada, logicamente, até quase as últimas páginas, deixando espaço apenas para uma resolução cheia de ação. E essa revelação é realmente o ponto alto da trama. Sem deixar nenhuma ponta solta, o autor consegue usar uma grande reviravolta sem correr o risco de ser previsível ou mal explicada, tudo é bem detalhado e impressionantemente amarrado.
Boneco de Pano é um livro muito mais complexo e inteligente do que essa resenha permite dizer sem nenhum spoiler. Conforme avança para o desfecho, a trama começa a conectar todos os detalhes e até mesmo a menor das informações, colocadas em um momento aparentemente insignificante, se demonstra importante para unir essa incrível história.