O Lar das Crianças Peculiares, título encurtado do livro O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares, do qual o longa foi baseado, possui uma trama tão diferente que praticamente gritava pelo Tim Burton. E assim foi feito, essa semana estreia nos cinemas o filme dirigido por ele.

Ultimamente, o diretor vem despertado uma relação de amor e ódio, alternando entre obras boas e outras de qualidade um tanto questionáveis. Em O Lar das Crianças Peculiares, Burton se encontrou novamente e conseguiu colocar toda sua essência no filme, mas perdeu a de Ransom Riggs. A questão é que a história original de Riggs é tão peculiar (com o perdão do trocadilho), que deu espaço para a mente de Burton vagar livremente, coisa que ele fez, sem medo de mudar drasticamente o enredo original.

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Não que isso seja um problema, na realidade a transformação de O Lar das Crianças Peculiares em algo realmente voltado para o infanto-juvenil, com a ambientação típica de tudo que o dedo de Tim Burton toca, se encaixou muito bem, deixando o filme ótimo para o publico, porém com grandes chances de desagradar os fãs do livro.

A trama nos apresenta Jake (Asa Butterfield) um garoto comum que após a morte de seu avô resolve descobrir se o orfanato em que eram ambientadas as suas histórias é real. Lá, ele descobre várias crianças com poderes diferentes, chamadas de peculiaridades, protegidas pela durona, porém bondosa, Miss Peregrine (Eva Green).

resenha-o-lar-das-criancas-peculiaresO problema começa quando Barron (Samuel L. Jackson), um peculiar que criou os monstros chamados de Etéreos em uma experiência mal sucedida, começa a perseguir os peculiares “ do bem”.  No filme, os etéreos precisam se alimentar dos olhos das crianças para se transformarem de volta em humanos, um detalhe criado por Burton (e sua obsessão por olhos), pois no livro eles se alimentam das próprias crianças. O interessante é que essa mudança amenizou muito os ataques, deixando próprios para serem assistidos por crianças.

o-lar-das-criancas-peculiares-eva-greenO incrível elenco escolhido para o longa funciona muito bem, ao menos na parte principal. Eva Green, que sempre está perfeita em seus papéis, repete sua perfeição entregando uma Miss Peregrine equilibrada e amorosa, mas com muita garra. Asa Butterfield mostra que, mesmo crescido, não perdeu sua graça juvenil e atua perfeitamente como o garoto deslocado. E claro, Samuel L. Jackson está mais do que incrível como um vilão sarcástico.

As crianças, entretanto, deixam a impressão de que foram pouco desenvolvidas. Diferente da obra original, que se foca apenas em um grupo formado por elas, o roteiro optou por mostrar todas, sempre juntas, e isso funcionou muito bem , mas faltou retratar o pesar de tudo que passaram e como isso as tornou incrivelmente unidas.

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Em suma, O Lar das Crianças Peculiares possui muitas mudanças, porém a maioria com um propósito e se encaixa muito bem nesse universo criado por Tim Burton. Algumas são feitas para dar um tom cômico (tem muitos momentos engraçados), outras para tornar menos maçante alguns trechos do livro, e todas acabam ficando bem harmoniosas. Resgatando os bons tempos do diretor, o longa é uma ótima diversão, com fantasia suficiente para deixar até mesmo o mais cético dos adultos acreditando nessas peculiares crianças.

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