Louis Creed, um jovem médico de Chicago, acredita que encontrou seu lugar naquela pequena cidade do Maine. A boa casa, o trabalho na universidade, a felicidade da esposa e dos filhos lhe trazem a certeza de que fez a melhor escolha. Num dos primeiros passeios familiares para explorar a região, conhecem um “simitério” no bosque próximo a sua casa. Ali, gerações e gerações de crianças enterraram seus animais de estimação.
Para além dos pequenos túmulos, onde letras infantis registram seu primeiro contato com a morte, há, no entanto, um outro cemitério. Uma terra maligna que atrai pessoas com promessas sedutoras e onde forças estranhas são capazes de tornar real o que sempre pareceu impossível.
“Hei ho! Let´s go” The Ramones
A primeira vista O Cemitério parece um livro de zumbis e mais do mesmo. Só que se engana.
O Cemitério, que ganhou duas versões para o cinema, uma de 1989 e outra que chega agora em 2019, é praticamente o livro que ensinou outros a como escrever uma obra cheia de terror psicológico.
Stephen King é praticamente um mestre na arte de escrever histórias de terror situadas em situações reais. Os acontecimentos que envolvem todas as sua obras são aterrorizantes com certeza.
E O Cemitério, Pet Semitery (infelizmente no Brasil o livro veio com a grafia em C em vez de S), é um destes que te faz temer as coisas mais simples que existem ao seu redor.
A história é envolta em uma simples família que vai morar em um lugar mais tranquilo, para que Louis possa trabalhar como médico na Universidade local e ter mais tempo para se dedicar a sua família.
Seus vizinhos, um casal de pessoas de idade, são os típicos moradores do interior com sua vida do campo e modo de falar.
Aos poucos vamos descobrindo um pouco mais sobre os mistérios que envolvem o lugar, assim como o Cemitério de animais que está dentro da propriedade da família Creed.
A narrativa vai crescendo neste mistério, enquanto o escritor aborda outros problemas sociais e principalmente de relacionamentos. As discussões sobre como ensinar os filhos e os choques que isso podem trazer ao casal, como os sogros podem ser crueis como ninguém com os maridos de suas filhas, a maneira como responsabilidades de adultos são colocadas nas de crianças sem que elas possam arcar com aquilo entre outras.
São tantas as discussões que o livro traz da vida real, que percebemos que muitas vezes nossa vida é um verdadeiro terror.
E dentro de tudo isso, o principal é abordado de maneira sutil: as escolhas.
A todo momento os personagens são obrigados a fazer escolhas de vida, como no mundo real, e acabamos vendo que seus erros trazem consequências terríveis. É fácil observarmos isso como leitores e nos pegarmos muitas vezes julgando os personagens, para mas tarde vermos que nossas opiniões também eram erradas.
A falta de experiência ou muita em um único assunto, traz estes erros. Ou não.
O Cemitério é um ótimo livro para ser lido e analisado sobre as questões humanas que envolvem a morte e como ela é vista pelo catolicismo. E o quanto as histórias que são ensinadas em algumas religiões podem ser mais traumáticas do que ajudar na hora da morte.
É um livro que dificilmente o leitor conseguirá parar de ler. E se tiver algum bichinho de estimação, com certeza irá o olhar de maneira diferente. Principalmente pela maneira que o trata. Já que podemos perceber com clareza, que muitos comportamentos de humanos e animais, são nossa própria culpa, de como os tratamos.