A edição comemorativa dos 50 anos de O Poderoso Chefão já chegou neste mês de março pela Editora Record. O livro escrito por Mario Puzo é um dos maiores marcos da literatura e também do cinema, já que ganhou sua adaptação para as telonas por Francis Ford Coppola, sendo dono de 11 estatuetas do Oscar.
Nova edição
Esta nova edição da Record é realmente primorosa. Com uma nova capa com uma rosa que foi acertada por um tiro, o livro é mais do que uma “aventura” de mafiosos. Para aqueles que nunca leram e nem sabiam que O Poderoso Chefão veio das páginas de um romance de Mario Puzo, esta é a oportunidade de conhecer toda a história da família Corleone.
Além disso, mesmo para aqueles que já conhecem toda a obra e puderam ler na época, vale revisitar esta história e conferir toda a narrativa envolvente e com personagens tão bem criados que até hoje são referência na cultura pop mundial.
50 anos depois
Como uma obra histórica, é interessante (re)ler e ver como os homens italianos, tão amados por muitas mulheres, hoje não mais se encaixam neste mundo que não aceita mais o machismo e atitudes tóxicas. Era uma época diferente, onde a palavra e a família eram o que mais importavam para um homem.
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Um fato interessante é como os personagens criados por Mario Puzo são fascinantes. Ver como o “Padrinho” trata seus afilhados e amigos é algo admirável. Logo de início já somos apresentados a um mundo de injustiças e que o único local onde irão encontrar conforto e solução, é com o Padrinho, Don Vito Corleone.
Não tem como não amar este personagem, o admirar e ao mesmo tempo temer. Este é um tempo de homens que para serem respeitados, deviam ser temidos. Tudo tem um preço. E durante a leitura vamos conferindo toda a história por trás da família de Don Vito Corleone. A história de cada filho, de suas jornadas e como veem o que seu pai faz.
Nada aqui é preto no branco e nem mesmo com nuances cinzas. O Poderoso Chefão vai além de regras e títulos que possamos dar a obra de Mario Puzo. É um poema romântico, uma peça trágica do teatro, uma canção cheia de aventuras de heróis e vilões. Não dá para dizer que Mario Puzo seguiu uma regra comumente utilizada da Jornada do Herói, pois a obra – novamente – vai além disso.
Personagens que gostaríamos de ser… mas apenas em uma aventura
Don Corleone é um assassino. Ele é um tirano, mas um amigo. Chefe de uma família de mafiosos italianos, a única referência que pode ser dada para as novas gerações atuais, são as máfias japonesas e chinesas que podem ser vistas em filmes, animes e literatura em geral.
E assim como acontece nestes universos, O Padrinho possui seu poder até os mais altos níveis da política dos EUA. Ele possui o poder que tantos desejam, mas como vamos percebendo durante a história, isso também possui um preço. Don Corleone cria diversos inimigos e a paz que ele tanto ama, é mais do que ameaçada, assim como o seu poder.
Este é um enredo onde nos vemos dentro da história. Desejando seguir os passos do Don, ser um de seus filhos e até inimigos. Mas que quando fechamos o livro, percebemos o quanto este mundo criado por Mario Puzo é tão cruel, desumano e real!
Sim, pois é sempre bom lembrar que O Poderoso Chefão é inspirado nos mafiosos mais temidos dos anos 40, onde o autor constrói a figura de Don Corleone. Algumas semelhanças com a vida real levantam especulações. Assim como Frank Costelo, o mafioso tinha conexões políticas fortes. Joe Profaci era conhecido como “rei do azeite de oliva”.
Portanto, qualquer semelhança com Corleone pode não ser mera coincidência. E é isto o que transforma O Poderoso Chefão em uma obra atemporal. Sua história pode acontecer na década de 40, menos da metade do século XX, mas seus personagens, intrigas e narrativa, ainda são modernas e cabem em qualquer cultura. Afinal de contas, que sociedade não possui o seu Padrinho?