Resenha | O Talentoso Ripley- Patrícia Highsmith

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Existem personagens clássicos que são tão interessantes que servem de base para criação de novos personagens ao longo dos anos. Em livros, séries e filmes, há uma grande variedade de golpistas, que geralmente são colocados no mundo do crime por acaso, e esses são nada menos que versões de Ripley.

Isso porque Patrícia Highsmith criou em 1955 Tom Ripley de maneira inovadora e profunda. Em uma época em que pouco se ousava, O Talentoso Ripley usa de uma obra inteira para desenvolver seu protagonista, que ao longo da trama revela ter uma orientação sexual não definida e uma grande obsessão que o leva a cometer atos extremos quando em desespero.

Ao longo das mais de 300 páginas, a autora desenvolve a trama acerca de Tom Ripley, que sobrevive de trambiques em Nova York. Ele é especialista em forjar documentos, além de ter um talento extraordinário para imitar personalidades e características pessoais. Certo dia, o milionário senhor Greenleaf o procura, supondo que Ripley seja um grande amigo de seu filho Dickie. Greenleaf lhe oferece uma viagem à Europa para tentar trazer Dickie de volta aos Estados Unidos – o rapaz leva uma vida mansa no litoral italiano, longe da família. Ripley aceita a missão e começa a fazer planos de como aproveitar a viagem e se dar bem na Europa. Na Itália, encontra Dickie e a vizinha Marge, com quem vai estabelecer um triângulo de amizade. Ripley desenvolve uma relação doentia e sedutora com o novo amigo: adota os mesmos gostos e começa a usar as roupas de Dickie, que passa então a rejeitá-lo. Acuado, Ripley reage de forma imprevisível que terá consequências na vida de todos.

A nova edição da Editora Intrínseca resgata o clássico, com uma bela apresentação. A trama é fluida e engaja o leitor, que se torna cumplice de Ripley em seus golpes, sem conseguir largar a leitura até descobrir onde isso tudo vai dar.

Romance de abertura do personagem, O Talentoso Ripley utiliza quase a obra toda para apresentar esse que será um importante protagonistas nas aventuras da autora e por isso se torna um livro muito intimista, que explora o psicológico e deixa pistas de uma criação complicada e interessante de ser explorada.

Clássico da literatura policial, o livro ganhou duas versões para o cinema: a primeira, feita em 1959 pelo diretor René Clémente, tinha Alain Delon no papel de Ripley e, no Brasil, ganhou o título de O sol por testemunha; a segunda, com Matt Damon no papel principal, filmada por Anthony Minghella em 1999, recebeu o nome de O talentoso Ripley. Ambos são menos interessantes do que a obra original.

Resumo
Nota do Thunder Wave
resenha-o-talentoso-ripley-patricia-highsmithUma obra intimista, que apresenta muito bem o protagonista que irá levar a trama dos próximos romances, O Talentoso Ripley é um clássico que entra na mente de um simples golpista e conquista o leitor com suas artimanhas.

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