Creio que todos os que têm o hábito de assistir séries devem com certeza ter visto ou pelo menos ter ouvido falar de Orange is the New Black e devem saber que é baseado em uma história real. Eu pelo menos fui saber que tinha um livro quando falaram o lançamento no Brasil.
Dei uma animada e fui ler. Primeira coisa: esqueça a série, não carregue nem os nomes. Claro que alguns personagens existem ou algumas situações. Tive a sensação que estava lendo uma coisa que nunca tinha visto nada sobre. Algumas situações realmente aconteceram, mas não com as mesmas pessoas ou tiveram o mesmo desfecho ou nem teve desfecho algum.
O livro conta a história de Piper Kerman, que foi presa por uma pena simbólica de 15 meses por contrabandear drogas. Isso por uma aventura por ser jovem e apaixonada por Nora, a pessoa que apresentou essa vida a ela. Só que Piper só fez isso uma única vez, mas aproveitou cada centavo que sua amiga/namorada Nora ganhava, viajando por vários países e ficando em hotéis caros e visitando tudo que era possível pelo mundo.
Depois dessa vida bem passageira Piper conhece Lary. Seu noivo no livro.
Piper acaba sendo denunciada e depois de vários processos burocráticos que duraram anos. Foi aconselhável ela se entregasse de livre e espontânea vontade.
A adaptação à prisão foi menos complicada que podemos imaginar. Uma garota branca rica no meio do povão. Piper mesmo reconhece isso e a vi como uma pessoa meio preconceituosa e é bom ler sobre como ela se sente mal por ter um dia um pensamento mal em relação às outras detentas.
A mudança chega a ser radical, onde ela é uma pessoa super prestativa e amável, conseguindo conquistar os mais variados tipos de amizades onde não tem como não se emocionar com os relatos sobre a vida de cada uma delas, as despedidas, as declarações, mas foi à união delas que mais me impressionou. Claro que tinha aquela separação de “tribos”, mas em datas comemorativas ou despedidas isso não existia. E com essa preocupação que ela tinha em relação a aquelas pessoas o leitor acaba ficando pensativo com tudo que Piper fala. Temos outra perspectiva da situação de cada vida que lá existe. Piper revela as condições muito precárias que a prisão tem e expõe a corrupção que deve existir lá dentro junto com a falta de oportunidades que várias presas teriam ao sair em liberdade já que a prisão não deu assistência que supostamente dariam para cada uma daquelas mulheres.
Mas é irritante o tanto que Piper faz sua reflexão pessoal. De como ela teve coragem de ter feito isso e aquilo com seus amigos e família e blá blá blá, todo capitulo tinha uma dessas reflexões que acabava sendo cansativos. “Sim eu já entendi Piper que você se sente assim” Mas há aqueles que têm paciência para essas coisas.
Enfim, se a pessoa tem uma curiosidade de conhecer Piper pode ir fundo, que é uma ótima leitura, muita cativante e emocionante.