Resumo

Paper Girls é uma viagem no tempo para qualquer fã que cresceu nos anos 1980 e para aqueles que gostam tanto desta época e da sua cultura.

Resenha | Paper Girls – Brian K. Vaughan

Na madrugada depois do Dia das Bruxas de 1988, quatro entregadoras de jornal de 12 anos descobrem o que pode ser a história mais importante de todos os tempos! Drama suburbano, ficção científica, viagem no tempo e mistérios sobrenaturais colidem nessa série sobre nostalgia, primeiros empregos e os últimos dias da infância.

Praticamente Paper Girls de Brian K. Vaughan, lançado no Brasil pela Devir é muito mais do que sua sinopse. Paper Girls é uma aventura para aqueles que cresceram nos anos 1980, com suas bicicletas da Caloi e Monark, que devoravam gibis e aguardavam ansiosos pela chegada de algum novo filme que nem ao menos sabiam se seria um sucesso.

Isso não importava. O importante era juntar a sua turma e só irem ao cinema para conferir ao novo longa do Harrison Ford ou de algum jovem bacana que era capa da revista. E também ficar acordado nos finais de semana para conferir o Supercine ou Tela Quente nas segundas a noite para discutir com os amigos na escola no outro dia.

Paper Girls é isso tudo. Garotas de 12 anos, que sempre existiram mas a cultura pop sempre preferiu deixar como patricinhas, garotas esnobes, que sempre precisam ser salvas e por aí se segue, mas que nesta história são exatemente o que toda menina sempre foi: lutadoras, inteligentes e que sabem muito bem o que querem, ou não.

Durante a aventura, seguimos este quarteto versão feminina dos Goonies ou de Conta Comigo (Stand By Me), que caem em um mundo conhecido e ao mesmo tempo totalmente maluco. Durante a narrativa vamos descobrindo que elas estão presas em algum lugar do tempo, que mistura muitas histórias conhecidas como Langoliers de Stephen King, Deixados para Trás, e com referências a Guerra dos Mundos e tantas outras aventuras.

Por sinal, Paper Girls está muito mais para Conta Comigo de Stephen King, com suas personagens que vão aprendendo a se conhecer nas adversidades e também como uma acaba precisando da outra nos momentos mais complicados.

Cada volume (seis lançados no Brasil pela Devir), possuem aventuras que apenas aqueles com uma base de ficção cientifica, terror e suspense, e muita cultura pop oitentista conseguirá aproveitar. Lógico que se o leitor consumiu bem pouco disso ou apenas Stranger Things, também irá se deliciar com este quarteto e suas Desventuras em Série.

Mas fazer uma comparação com Stranger Things da Netflix é uma covardia. Não que uma obra seja melhor do que a outra. Pelo contrário. Paper Girls é uma história única onde a geração com mais de 40 irá olhar como era o seu mundo e imaginava o que seria no futuro.

Ler e ver algumas “profecias” do que este mundo acabou se tornando é bem curioso, pois Brian K. Vaughan não utiliza de artificios para comprovar o seu ponto de vista que tudo o que é comentado realmente acabou virando realidade. Durante a história, o autor apenas faz uma citação de como isso pode se tornar, como os jornais que irão deixar de existir e as pessoas só irão assistir pela TV aos noticiários.

Em décadas os entregadores de jornais realmente deixaram de existir e hoje o leitor prefere ver suas notícias em smartphones ou em alguma outra tela. É uma visão interessante que o leitor com mais bagagem irá perceber. Por isso, Paper Girls se torna tão divertido.

Esse exercício de olhar o que o mundo e as pessoas são hoje e retornar em uma verdadeira viagem no tempo de como essa sociedade iria se tornar, é algo fabuloso e até mesmo cômico, se a história não fosse tão dramática.

Um dos pontos mais positivos é que Paper Girls possui protagonistas femininas, mas que acabam tendo erros de sua época, como a homofobia. É interessante observar que a personagem que parece ser a mais “pra frente”, acaba por ser a que possui a mentalidade mais conservadora.

Além disso, outros pontos durante os volumes são abordados e mais críticas levantadas. Um dos pontos negativos fica para o traçado. Em algumas partes o leitor com certeza não saberá quem são algumas das personagens, já que Cliff Chiang só diferencia algumas das meninas pela sua roupa.

Resenha | Paper Girls - Brian K. Vaughan 1
Paper Girls/ Imagem: Devir

Outro ponto que fica negativo, é o fato de alguns desenhos saírem do sério para algo mais cartunesco, como certas cenas que uma das personagens parece a Lucy da animação do Snoopy, por causa do desenho da sua boca, que nada mais é do que um rabisco.

Mesmo assim, o artista ainda consegue entregar uma boa dose de movimento e expressão necessária para a história ter se tornado o que ela é.

Paper Girls é uma viagem no tempo para qualquer fã que cresceu nos anos 1980 e para aqueles que gostam tanto desta época e da sua cultura. Com diálogos bem feitos e as críticas ao modo como falamos atualmente, Paper Girls é muito mais do que uma aventura cheia de referências, sendo uma obra necessária para todo aquele que gosta de uma ficção bem feita.

Paper Girls ganhou uma adaptação pela Amazon Prime e chega no dia 29 de julho ao canal de streaming.

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Paper Girls é uma viagem no tempo para qualquer fã que cresceu nos anos 1980 e para aqueles que gostam tanto desta época e da sua cultura.Resenha | Paper Girls - Brian K. Vaughan
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