Resenha | Poeira Lunar – Arthur C. Clarke

Publicado 9 anos antes do homem chegar a lua, Poeira Lunar, de Arthur C. Clarke, publicado no Brasil pela Editora Aleph, foi indicado para um dos principais prêmios literários da ficção científica: o Hugo. Além disso, foi a primeira história de ficção cientifica publicada pela Reader’s Digest.

Leia também: Resenha | Os Três Estigmas de Palmer Eldritch – Philip K. Dick

Para os que nunca leram nada de Arthur C. Clarke e começarem por Poeira Lunar, que é uma ótima escolha, poderão se deparar com certos clichês da ficção. Como por exemplo, o resgate de pessoas perdidas e como o mundo praticamente fica estático para saber o que irá acontecer, a forma como será feito este resgate, além de outros elementos em diálogos e na condução da obra.

Mas isso tudo, foi porque Clarke foi quem inventou esse estilo e com o tempo outras obras, como até Perdido em Marte, acabaram por utilizar em seus enredos. Portanto, não leve isso como clichê ao ler Poeira Lunar.

Leia também: Resenha | A Última Colônia – John Scalzi

A narrativa de Clarke é fluída e muito simples. Alguns acabam não lendo o autor por terem medo que seu estilo seja muito robuscado e cheio de termos como acontece em muitas obras da ficção. Mas pelo contrário. Os livros de Arthur C. Clarke são fáceis de serem lidos, pois, assim como acontece em Poeira Lunar, tudo é muito bem explicado e sem diálogos cheios de termos técnicos.

Este livro foi escrito antes do homem pisar na lua, portanto ele possui “erros” compreensíveis, como acreditar que noss satélite possuía poeira e poderia até “engolir” uma de nossas naves ao descer em seu solo. E isso é praticamente o que menos importa em Poeira Lunar. Assim como acontece no livro Perdido em Marte, que bebe de Poeira Lunar, o mais importante não é parte científica e sim a parte psicológica dos personagens.

Mas se em Perdido em Marte temos um personagem que fica sozinho em solo marciano, Poeira Lunar deixa uma tripulação e passageiros presos dentro da nave Selene, que “afundou” na poeira da Lua. E são esses acontecimentos, tanto dos desafortunados que precisam ser resgatados o quanto antes, como das equipes para realizarem o resgate.

Leia também: Resenha | A hipótese da simulação: Conheça a teoria por trás da série Matrix

Aqui é colocado em xeque a todo momento o ego do ser humano em estar certo a todo o instante, mesmo que a vida de pessoas esteja em jogo e elas morrerão em poucas horas. Cada um a sua maneira, quer realizar o resgate, mas acabam batendo a todo o instante em estarem certos e os outros errados.

São dois lados e nada mais. Não existe um meio termo nestas discussões. Algo muito parecido e com o nosso século atual. E também existe o problema dentro da Selene, pois como acontece com qualquer pessoa em meio a problemas graves, elas em algum momento começam a perder o controle.

Só que Arthur C. Clarke não é um autor cínico e que não acredita na humanidade. Pelo contrário. Ao mostrar todas estas facetas, Clarke começa a revelar a verdadeira forma humana, que é a de trabalhar em conjunto em prol de ajudar as pessoas em não o egoísmo.

Leia também: Conheça (quase) tudo o que Metrópolis inspirou na cultura pop

E é isto o que transforma todos os livros de Arthur C. Clarke fascinantes, principalmente Poeira Lunar. Em meio a tantos problemas e pontos em que é mais fácil deixar para lá, seus personagens começam a não querer acreditar no impossível.

Poeira Lunar é um livro instigante sobre a natureza humana. Com bons tópicos de ciência, misturados a ficção científica, Arthur C. Clark brinda seus leitores mostrando o que a humanidade possui de melhor em meio a tragédias.

Sobre o livro Poeira Lunar

“Bem-vindos a bordo da Selene”

“Na escuridão e em silêncio, eles estavam naufragando na Lua.”

No futuro, a Lua se torna um destino turístico. Seu mar nunca antes navegado, composto por um depósito de poeira acumulada ao longo de milhões de anos, é desbravado pela nave de cruzeiro da face lunar: a Selene.
Mas, apesar dos avanços científicos, o espaço continua sendo um ambiente arriscado, indômito e cheio de armadilhas. O que parecia um simples passeio vira uma perigosa aventura quando a Selene, com vinte passageiros a bordo, naufraga em poeira no Mar da Sede.

Sem comunicação ou meios de voltar à superfície, o pequeno grupo fica preso e se converte em um microcosmo da sociedade. À espera de ajuda, o capitão Pat Harris precisa lidar com a ansiedade de seus passageiros e, ao mesmo tempo, tomar decisões que podem significar a vida ou a morte para cada um deles. Enquanto isso, em uma iniciativa inédita e transmitida para todo o universo, especialistas da Terra e da Lua reúnem esforços para criar um plano de resgate da Selene.

Em uma história emocionante e cheia de surpresas, Arthur C. Clarke transforma o leitor em um dos milhões de espectadores que acompanham a missão de resgate e torcem por um desfecho feliz.

Sobre Arthur C. Clarke

Arthur C. Clarke desenvolveu, desde cedo, o interesse pela ciência e pela ficção científica. Após o ensino médio, mudou-se para Londres, onde se tornou membro da Sociedade Interplanetária Britânica e estudou Física e Matemática no King’s College. Em 1956, Clarke mudou-se para o Sri Lanka, onde continuou a escrever seus livros e artigos.

Lá viveu até sua morte, em 19 de março de 2008, aos 90 anos. Clarke deixou um legado que ultrapassa os limites da literatura, além dos mais de cem milhões de livros vendidos no mundo inteiro, e foi homenageado pela NASA, que nomeou a sonda não tripulada enviada a Marte de 2001 Mars Odyssey.

Também em reconhecimento ao trabalho do autor, o asteroide 4923 foi batizado com seu nome, assim como uma espécie de dinossauro Ceratopsiano, o Serendipaceratops arthurclarkei.