O livro de estreia de John Green no universo dos livros. Lançado em 2005, é possível ver que a obra continua tão viva e atual quanto na época de seu lançamento. A obra borda temas como amadurecimento, amizades, acontecimentos do passado que marcam nossas vidas, a sexualidade, a passagem pelo ensino médio, a morte e o luto. As produções de John Green conversam muito com esse universo adolescente e suas infinitas questões na busca da autodescoberta.

Com personagens bem construídos, Looking for Alaska, nos apresenta Miles Halter, um garoto que não tem nada de especial e que aparentemente se mostra alguém esnobe. Tudo lhe parece desinteressante ou exagerado demais. É um personagem passivo que está sempre recebendo ordens e nunca sendo o ‘cabeça’ da coisa. No entanto, vamos pegando uma certa afeição pelo personagem de Miles que parte para uma aventura numa escola interna por achar que sua vida anda muito parada, sem novidades, sem purpurina. Sua paixão da vida é decorar as últimas palavras de moribundos o que define sua paixão por biografias.

Nessa aventura que se passa na escola interna Culver Creek, Miles conhece Chip Martin que logo o apelida de “Gordo/ Bujão” devido a sua magreza e em seguida somos apresentados a Alasca Young. Além disso, Miles é introduzido a um mundo de bebidas, drogas, amores e traquinagens. Em busca do tão famoso “Grande talvez”, nós somos levado para uma busca por um novo futuro que lida com as dificuldades de aceitação enfrentadas por ele, e o sentimento de que essa é a sua última oportunidade para ser jovem e feliz, elementos característicos da realidade de qualquer adolescente que, assim como o Miles, precisa definir seu lugar no mundo. Inicialmente, a nova vida de Miles, sua chegada, sua adaptação ao meio parece muito encantadora, divertida, tudo que ele esperava. Ele participa de trotes escolares, faz amizades incomuns, têm suas noites regadas à bebida e cigarros, e conhece uma menina que muda toda a razão de sua existência, ou seja, tem seu coração abocanhado pela intensa e volátil Alasca.

“Eu era um palerma. Ela era apaixonante. Eu era irremediavelmente sem graça. Ela era infinitamente fascinante. (…) se as pessoas fossem chuva, eu era garoa e ela, um furacão.”

No geral, é uma obra poética, reflexiva, que fala sobre os conflitos de ser um adolescente, de ser alguém num meio que te frustra, com problemas sociais e que é uma cortina que esconde a depressão e o vício por trás das escolhas dos personagens. Um fato importante é que o livro mostra com extrema veracidade o dia a dia desses jovens e que os usa como espelho da nossa juventude, porém, a forma como eles lidam com os problemas se mostra de forma generalizada, como se a resposta para tudo fosse cigarro e álcool. Mas de certa modo, nos aproximamos dos personagens, pois temos inseguranças e medos que muitas vezes são chaves para desastres futuros. Um bônus para essa obra é o professor Sr. Hyde que faz com que a gente reflita de forma mais profunda sobre temas ligados a religiões e como lidamos com os acontecimentos ao nosso redor.

Quem é você, Alasca? é um livro doloroso, dramático, com uma carga emocional muito intensa e que é 08 ou 80. É uma obra que nos faz pensar como devemos lidar com nossos problemas. Esses jovens lidam com seus problemas de forma negativa, infelizmente, escondem no álcool, no cigarro e em relações sexuais suas dores e medos. Refletir sobre a saúde mental é importante. Pedir ajuda é importante. Mas é a arte imitando a realidade, nem sempre entendemos os sinais. Todos acham as atitudes de Alasca muito bizarras, mas não enxergam isso como um problema que precisa ser tratado. Essa angustia que ela sente, essa culpa, essa sensação de que poderia ter feito algo e não fez a consome de forma absurda e os colegas parecem não ver isso. Por trás daquele sorriso largo, Alasca se sentia destruída. É sobre isso. Sobre ser atento a esses temas como depressão, angustia. E no sexo, no cigarro, na bebida que ela se jogava. Isso não é normal.

O livro é dividido em duas partes, o antes e o depois. O antes conta com 136 dias antes do acontecido com Alasca e depois conta com 136 dias após o acontecido com Alasca. A forma como Coronel, Miles e Takumi lidam nessa segunda parte é tocante e nos mostra que não estamos preparados para perder alguém. Como assim? Temos a necessidade de aprender a lidar com o luto. Não é fácil perder alguém que amamos, mas sabemos que tudo que nasce, morre e precisamos aprender a lidar com isso de uma forma menos destrutiva.

A linguagem do livro é fluida, de fácil compreensão e leve, embora os acontecimentos sejam difíceis de lidar. John Green nessa nova edição de 10 anos de comemoração da obra, disponibiliza uma série de respostas feitas sobre o livro e como foi o processo de construção do livro que conhecemos hoje. Desde a sua primeira obra até as de hoje, JG evoluiu muito a sua escrita e podemos acreditar que ele é um escritor que fala com muita naturalidade sobre essas situações conflituosas que todos estamos fadados a viver. Devo salientar que o teor poético da obra, que fala sobre a vida e a morte de uma maneira tão filosófica e real, é um bônus e algo que marca o leitor.

Resumo
Nota do Thunder Wave
resenha-quem-e-voce-alascaO livro toca brevemente em aspectos de diferentes religiões, e os personagens são extremamente cativantes. Fonte de controvérsia devido ao conteúdo um tanto quanto explícito, Looking for Alaska merece toda a atenção que recebeu da crítica, e certamente merece ser lido e relido e compartilhado.

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