Quando o gênero literário Sick-Lit entrou em ênfase no mercado editorial, a febre se tornou algo bastante lucrativo para algumas obras que também acabaram viraram filmes e lançaram a espectadores do mundo todo algo a que ter lágrimas para esvair e milhões de sentimentos a serem compartilhados.
Sempre Haverá Você, de Heather Butler, traz o mesmo contexto de história com a questão de doença implícita, sendo que desta vez o foco não é diretamente imposta nos personagens principais da mesma, e sim em secundários, mas de todas as formas mostrando o que acontece quando alguém próximo passa por situações de tanta calamidade e dor.
George e Theo são dois irmãos de dez e nove anos, respectivamente, que ganham um cachorro de presente. Na verdade, eles vão até uma unidade de doação e resgatam este cachorro junto com o seu irmão para que eles não sejam sacrificados. Acontece que o cachorro, chamado de Goffo, pois a mãe deles gosta muito de Van Gogh, é altamente maluco e não recebe nenhum tipo de educação e adestramento, fazendo com que se torne atrapalhado e cheio de maluquices.
George é quem vai contando nas páginas do livro a vida dele, o passar dos dias conforme tudo vai acontecendo. Fala sobre seu irmão, sobre o seu pai, sobre seus avós e sobre sua mãe e o que gosta de fazer com ela, como os jogos de adivinhação e de memória, sendo que George adora estudar e sabe sobre todas as capitais do mundo.
“E, quando eu digo a palavra “italiano”, um Fiesta branco entra roncando no estacionamento. O vovô está dirigindo. Se a vovó estivesse na direção, o carro viria deslizando. O Goffo pula no ar, bate a cabeça nas barras do alto da caixa dele e começa a uivar de excitação.” Pág. 61
A história vai sendo desenrolada aos poucos, até que a mãe dos garotos apresenta sinais de dores de cabeça, cegueira e tonturas. Aos poucos vamos vendo a descoberta dos garotos sobre o câncer dela e a recaída. É bem leve o conteúdo da história e os fatos que são registrados mostram mais os sentimentos de um garoto que parece ser bem mais novo do que eles são de fato.
Não consegui ter algum tipo de emoção até pela questão de que a autora não quis passar a tristeza em si e somente fazer com que o leitor percebesse como é a visão por outros ângulos de idade. Talvez leitores com menor idade, já que o livro está indicado para uma faixa etária menor, tenha uma outra percepção.
Mas o livro em si mostra muito um fator familiar, de amor, amizade e carinho. Acho que isto é bastante primordial, mesmo que nem todas as famílias sejam tão perfeitas ao ponto de estarem tão unidas e fazer tudo como parentes como em Sempre Haverá Você. Mas serve basicamente como um belo exemplo a ser seguido.
“4. A mamãe não conta histórias engraçadas sobre o que andou fazendo como contava antes. Ela fica muito na cama ou na sala dos fundos descansando a cabeça sobre uma almofada, e o papai pediu para a gente fazer silêncio e não incomodar, para ajudar a mamãe a melhorar.” Pág. 116
Para quem deseja presentear ou entender como é o processo ou até mesmo saber como é a vida de meninos passando por situações difíceis na escola que sofrem por bullying também, Sempre Haverá Você é uma opção simples e sincera.