Resenha | Susan Não Quer Saber do Amor

Nem sempre é possível se manter fechada para as belezas da vida e Susan descobrirá isso

0
4203

“Sempre que você se abre para outra pessoa, do mesmo sexo ou do sexo oposto, você corre o risco de se magoar” – Susan

O livro Susan Não Quer Saber do Amor busca refletir sobre a mulher moderna e suas inquietações. Essa obra reflete sobre maternidade e a organização extrema por parte da protagonista que vive uma vida regrada e mal se permite viver de verdade. Romance de estreia da autora Sarah Haywood, a obra já tem adaptação confirmada pela Netflix, com Reese Witherspoon no papel principal. O livro é interessante e foge do “mais do mesmo”. A obra instiga o leitor a ir a fundo. No início, sentimos um pouco de ranço pela protagonista que muitas vezes é meio chata, mas depois que passamos a conhecê-la mais a fundo, passamos a torcer por ela. Com enredo bem amarrado, personagens cativantes e bem desenvolvidos, uma leitura fluida, a obra é uma boa pedida para quem quer ler algo diferente e reflexivo.

A personagem principal é Susan Green. Uma mulher que planeja a vida nos mínimos detalhes, é extremamente organizada, com ela não tem meias palavras, ela é direta ao ponto…. uma pessoa pragmática, como ela mesma gosta de dizer. A redoma em que está inserida, precisa seguir essa ordem, essa organização que ela tem em sua vida. A protagonista tem um apartamento prático e organizado, ideal para uma pessoa solteira. Mesmo formada em direito, ela preferiu ser uma funcionária pública que trabalha desenvolvendo projetos e nisso ela vê a vantagem de ter um salário previsível e uma aposentadoria garantida que lhe permita viver de forma confortável. No seu local de trabalho, ela não tem amigos e sim, colegas. Ela não se permite ter redes sociais para não ter que socializar com as outras pessoas. Porém, acontecimentos inesperados surgem para mostrar a personagem que nem tudo é preto no branco e se nos permitirmos, podemos enxergar cinza também.

– Pare de dizer “não” para tudo e comece a dizer “sim” de vez em quando. – Kate

A vida amorosa de Susan se restringe a um encontro semanal com um homem que conheceu através de um anúncio de jornal que dura doze anos e faz parte de um contrato em que ambas as partes sabem bem o que querem: boa companhia, nenhum tipo de compromisso ou cobrança, com um pouco de contato íntimo e com a opção de poder terminar no momento em que um deles decidir isso sem explicação. E em um dado momento, Susan faz isso, porém, não porque não está satisfeita com seu caso – Richard, e sim porque não confia mais nele depois que começou a perceber alguns sinais de uma possível gravidez.

Neste momento tanto a personagem quanto o leitor tem a percepção de que a vida de Susan está virando de cabeça para baixo, pois além de ter certeza de que está grávida – não foi planejada – aos quarenta e cinco anos, Susan recebe a notícia de que sua mãe morreu e que sua mãe faleceu e seu irmão que nunca fez nada na vida vai ficar com a casa pelo tempo que desejar. Ela jura de pé junto de que seu irmão manipulou o testamento para que pudesse ficar com a casa e como ela precisa de dinheiro por conta da gravidez inesperada, ela irá mover céus e terras para reverter a situação. No entanto, mal sabe ela que é bem nesse momento difícil que ela irá conhecer pessoas que irão mudar a sua vida e para melhor. Ela que nunca se permitiu viver a vida de uma forma mais leve e descontraída, irá conhecer o amor, conhecerá uma amiga e sairá de toda essa bagunça, uma nova mulher.

No decorrer da trama vamos conhecendo um pouco melhor a protagonista e o seu núcleo familiar e é a partir dele que temos certeza de que a pessoa que Susan é, é fruto de frustrações e para impedir que sentimentos como medo, tristeza ou qualquer outro tipo de mágoa a ferisse, ela se fechou para o mundo e a casca dura que conhecemos no início da trama vamos sendo destruída aos poucos com o desenvolver da história. Algo interessante é que ela não desconta suas frustrações nas outras pessoas, pois quanto menos contato com alguém ela tiver, melhor. 

– Não tenho nenhuma insegurança. – Susan

– Todo mundo tem. Você só esconde as suas, provável que até de si mesma. Tente baixar a guarda de vez em quando. Você pode acabar se surpreendendo de maneira positiva com as consequências. – Kate

Tanto o arco da protagonista quanto dos personagens secundários são bem desenvolvidos e bem divertidos. A personagem Kate é uma mulher muito interessante e que se torna uma grande amiga para Susan e em um determinado momento na narrativa, elas conversam sobre o que é o FEMINISMO. O personagem Rob é gentil, um cara do bem, inteligente… um verdadeiro príncipe. Já o irmão de Susan, Edward, é chato, insosso e inútil que se comporta como um menino mimado. No entanto, em um momento super importante, ele ajuda Susan, mas ainda assim sentimos ranço do personagem. Os mais fora da caixinha são Richard e tia Sylvia. O primeiro é meio avoado, quando ele e Susan conversam sobre o bebe é quase como se eles estivessem falando de uma negociação, falam de modo frio e parece até que é uma coisa e não sobre uma pessoa. Já a tia da protagonista tem aquela alma de rica e extravagante, mas no fundo parece ser alguém do bem.

Um ponto negativo é que no final da trama, o livro corre e ficamos com um gostinho de quero mais. E como dito anteriormente, começamos a narrativa achando a Susan um porre, mas aos poucos o jeito chato e super organizado começa nos conquistando. Além disso, é tanta reviravolta que vai te deixar de boca aberta. Uma curiosidade bacana é que Susan tem uma coleção de cactos e inclusive o título original da obra é The Cactus e apesar disso não ter tanto foco na história, vemos que a ligação entre o título e a narrativa é justamente essa capa de espinho que a personagem tem para não se frustrar e se proteger dos outros e até de si própria. 

– Como posso contemplar o que vem pela frente quando estou presa no passado? – Susan

Resumo
Nota do Thunder Wave
resenha-susan-nao-quer-saber-do-amorÉ uma narrativa que aborda questões muito atuais como a independência feminina, a maternidade após os quarenta anos, amor, laços familiares, flexibilidade em relação a vida e como seguir se não nos permitimos a vivenciar as experiências que a vida nos dá. Nem tudo precisa seguir uma regra pré estabelecida e Susan nos mostra isso através de sua evolução como mulher, como mãe, como amiga.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por Favor insira seu nome aqui