Resenha | Tithe – Holly Black

Tithe não é uma obra ousada ou moderna, ela é simplesmente o que qualquer livro deveria ser ao contar histórias - mesmo que fantásticas -, de uma forma nada sútil e que mostre realmente o que acontece quando as pessoas ultrapassam seus limites.

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Os contos de fadas costumam iniciar suas histórias com o “Era uma vez…”, mas isso já está bem longe da realidade atual. Estas narrativas do século passado e do padrão Disney, sempre deixaram estes contos mais leves e românticos. Mesmo que tivessem um pouco de sensualidade, isso era pouco explorado.

Agora já passamos mais de 20 anos de século XXI e o passado é apenas uma história que virou história. E Holly Black sabe muito bem disso ao trazer um novo estilo de contos de fadas, mas com a pegada dos originais dos séculos XVIII e XIX. Tithe é um conto de fadas “moderno”, que explora a adolêscencia, a descoberta do próprio corpo e a sexualidade.

Através de sua personagem principal, Kaye, uma mestiça japonesa, o leitor é levado para um reino de fadas que nada tem de faz de contas. Kaye desde sua infância conversou com fadas, mas com ao se mudar constantemente de cidade com sua mãe que toca em bandas, acabou de distanciando.

É interessante ver como Holly Black consegue fazer uma paralelo entre a adolêscencia com todos os seus problemas de identidade, que vão desde o que acreditávamos como verdade de nossa infância, para uma nova realidade mais dura e até mesmo perigosa.

Aquilo que viámos como algo bonito agora se mostra um tanto mais perverso e algumas brincadeiras não eram tão inocentes quanto se pensava. A autora mergulha ainda mais na psiquê da personagem quando começa a observar suas amigas que se vestem bem e ela parece uma boneca de pano esfarrapada, além das mudanças do corpo, que a fazem se sentir – literalmente -, quase um monstro.

Holly Black também faz uma atualização com personagens LGBTQI+, garotos que ultrapassam os limites ao forçarem um contato mais íntimo com as meninas e o quanto isso pode e é prejudicial a mente delas. Pois elas se sentem culpadas por eles passarem a mão em seu corpo e ao mesmo tempo traírem a amizade de suas amigas, pois eles fazem parte do “grupinho” ou são namorados de algumas delas.

Tithe não é uma obra ousada ou moderna, pois isto é desmerecer sua autora. Ela é simplesmente o que qualquer livro deveria ser. Contar histórias, mesmo que fantásticas, de uma forma nada sútil e que mostre realmente o que acontece quando as pessoas ultrapassam seus limites. A sexualização não deve ser tratada como um “lobo mau”, mas sim com seus verdadeiros nomes.

Holly Black consegue, neste primeiro volume, lançado pela Galera Record, surpreender uma geração que cresceu com o faz de conta, abrir os olhos da nova e principalmente, divertir e empolgar seu público com esta fantástica história que é tão necessária ser contada.

Sobre o livro

Tithe é um conto de fadas moderno, mórbido, sensual e ricamente ambientado, que combina a angústia adolescente com seres tão fantásticos quanto sinistros, numa narrativa poderosa e irresistível. O livro de Holly Black combina um mundo de fantasia, onde fadas cruéis e brutas travam sangrentas batalhas pelo poder, com toda angústia, ira e melancolia típicas da adolescência.

O livro também rompe as fronteiras dos romances de fantasia e a autora consegue unir com maestria, elementos góticos com toques de cultura pop, numa obra onde o cruel e o singelo se fundem sem medo de romper tabus.

Resumo
Nota do Thunder Wave
resenha-tithe-holly-blackTithe não é uma obra ousada ou moderna, ela é simplesmente o que qualquer livro deveria ser ao contar histórias - mesmo que fantásticas -, de uma forma nada sútil e que mostre realmente o que acontece quando as pessoas ultrapassam seus limites.

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