Publicada pela primeira vez em 2017, Universos Afins nos traz uma narrativa em terceira pessoa de Elena, uma jovem fã de Star Wars que resolve acampar numa fila a fim de não perder a estreia do mais novo filme da franquia. Entretanto, nos dias em que a disponibilidade para garantir um ingresso e um lugar dentro da sala de cinema — onde a maior dos cinemas dispõem de lugares marcados no ato da compra —, a graça de ser fã, acaba morrendo.
É com esse intuito de resgatar o lado fã da Força, que a jovem junta-se a Gabe e Troy, dois meninos completamente misteriosos e que juntos, formam uma “imensa” e “animada” fila de três. Nem quando o jornal local resolve fazer uma matéria sobre os fãs mais fervorosos de Star Wars, a fila cresce — não é spoiler. Preocupada com a filha, a mãe de Elena a vigia constantemente dando voltas e mais voltas, diariamente, no quarteirão onde a menina encontra-se acampada. “Desista“, diz a mãe em um determinado momento, “eu lhe compro ingressos“.
A graça de ser fã está em justamente acampar dias ou horas na tal fila. E fazer amizade, que é o mais importante. E quando a amizade é boa, permanece ao longo dos anos. Ter outras pessoas, completamente desconhecidas e que em minutos, tornam-se as mais legais da vida, compartilhando o mesmo amor que você tem numa fila quilométrica — não no caso de Elena —, é algo que somente fã e somente quem já ficou numa fila, sabe dizer.
Até os perrengues que a personagem passa, o leitor se identifica conforme o decorrer da leitura: a ausência de banho, o pior local e a pior maneira para dormir, frio, calor, fome, tédio, são as sensações que o fã passa quando resolve acampar dias (ou semanas, meses) antes do fatídico evento. É justamente isso que Rowell resgata, com extrema nostalgia, obviamente, dos momentos em que ser fã, valia a pena — nota-se que houve um “quê” de saudosismo por parte da autora em relembrar, mesmo no tempo atual na pele da jovem Elena, o quão legal é conhecer desconhecidos numa fila.
São 96 páginas onde o leitor se identifica com a saga de Elena, Gabe e Troy — e descobre que filas servem para aproximar pessoas que já convivem há anos, mas não se relacionam devido a inúmeras circunstâncias da vida. Descobre também, que nos casos de cinema, é preferível ornar-se com camisetas e elementos figurativos para acompanhar a estreia (ou a pré-estreia) do filme, sem necessariamente acampar na porta do cinema por dias.
Uma leitura rápida, divertida, breve e cheia de representatividade para os fãs de algo ou alguma coisa. Universos Afins é daqueles livros, que com certeza, dá vontade de guardar num potinho. É um presente para quem é fã de Star Wars ou de qualquer outra saga cinematográfica. Ou literária. Fala sobre amizade, sobre a descoberta de novas possibilidades. Fala sobre ser amigo de quem já convive contigo sem que você perceba.
Fala sobre amor — sobre amar alguém ou alguma coisa. Fala sobre novos amores. O final vai te surpreender — e te fazer pedir a autora que tal como em Fangirl, continue de onde parou (vide Carry On e Wayward Son), porque não é justo que não saibamos mais coisas sobre os pais de Elena, suas amigas, sua amizade com Troy e sua (possível) amizade com Gabe.