Resenha | Jogador Número 1 – Ernest Cline

A nova edição de Jogador Número 1 é uma homenagem a todo fã de livros e principalmente do público nerd que busca mais do que uma boa leitura.

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Está preparado Jogador Número 1? Pelo visto ninguém estava para o que estava para chegar neste ano de 2021 com a nova edição em capa dura da editora Intrínseca. É um livro que qualquer fã e nerd devem ter.

Com uma nova capa fazendo referência ao universo principal criado por Ernest Cline, em vermelho nas bordas das páginas e na capa e com o título em amarelo, a parte interna veio com uma nova diagramação que dá mais imersão ao leitor.

Cada novo capítulo é uma obra de arte e a editora mantém o seu padrão de inovação com suas edições que vão além de serem meras decorações na estante.

O ano é 2044 e a Terra não é mais a mesma. Fome, guerras e desemprego empurraram a humanidade para um estado de apatia nunca antes vista.

Wade Watts é mais um dos que escapa da desanimadora realidade passando horas e horas conectado ao OASIS – uma utopia virtual global que permite aos usuários ser o que quiserem; um lugar onde se pode viver e se apaixonar em qualquer um dos mundos inspirados nos filmes, videogames e cultura pop dos anos 1980.

Mas a possibilidade de existir em outra realidade não é o único atrativo do OASIS; o falecido James Halliday, bilionário e criador do jogo, escondeu em algum lugar desse imenso playground uma série de easter-eggs que premiará com sua enorme fortuna – e poder – aquele que conseguir desvendá-los. E Wade acabou de encontrar o primeiro deles.

Livros não devem serem comparados! Jamais. Ainda mais dizer que Jogador Número 1 é o novo Matrix. Quem afirmou isso nem ao menos leu o livro. Apenas deu uma passada por cima da sinopse.

Este é o primeiro livro de Ernest Cline e ganhou vários prêmios. Não é uma maravilha e estupendo, mas é bom. Bom o bastante para te deixar entretido por 9 horas de leitura sem parar. Pode até parecer estranho escrever que fiquei 9 horas lendo sem parar e afirmar que não é uma maravilha, mas é isto mesmo. O livro é bom! E só!

Jogador Número 1 é uma homenagem aos clássicos da década de 1980. A toda a sua cultura.

O mundo ao redor do personagem principal, Wade, está destruído. Não por guerras, mas pela ganância do ser humano. A humanidade extinguiu seus meios de gerar combustível e o planeta vive em uma miséria pior que a Crise de 1929, chegando a ser comparado ao que estamos vivendo com o COVID atualmente. Emprego é praticamente impossível de se conseguir. Como comentado em uma parte do livro, até para se conseguir uma vaga de atendente na lanchonete, a fila de espera é de quase 5 anos. Então a única maneira de se fugir desta realidade, é entrando em outra: o OASIS.

Resenha | Jogador Número 1 - Ernest Cline 1
Durante o livro várias referências são feitas, como ao DeLorean, Dr Who, Galactica, etc

Este novo vídeo game é praticamente um The Sims ou Second Life, onde o usuário – o Jogador Número 1, que é uma homenagem aos antigos Arcades, por isso esse nome -, pode criar um Avatar e ser quem ele desejar. Desde um humano simples, com superpoderes, um Alienígena, Orc, Jedi, Mago, ou seja, o limite é a sua imaginação. Só que mesmo lá dentro, para se conseguir itens ou até mesmo viajar, são necessários créditos. E também pode se criar uma empresa e fazer negócios, além de ir para a escola virtual em um planeta, entre outras coisas mais adultas.

O livro se perde justamente neste ponto. Poderia ter dado um pouco mais de crítica social, e não apenas algo rápido e focado apenas dentro do OASIS e a homenagem a década de 1980. Com isso os personagens se tornam até mesmo superficiais. Dá para se gostar de Parzival, Art3mis e cia, mas não dá para se criar um vínculo mais forte. Parece ser algo comum atualmente os personagens e o mundo ao redor em livros e filmes, serem apenas visuais e nada a mais.

As relações entre os personagens segue a tendência atual dos usuários do Facebook, onde muitos criam fakes para serem quem eles desejam. Homens que se tornam mais fortes e ricos, mulheres mais sexys ou de gêneros diferentes. Dentro do OASIS tudo é permitido. E a privacidade é levada muito em conta.

De qualquer forma, o livro é muito bom. Principalmente para aqueles que cresceram na década de 1980 jogando Atari, Adventure, Enduro, guardando cada dinheiro do lanche da escola para ir ao “Fliperama” (nome correto é Arcade) jogar Pac-Man, comprar discos de Vinil na Galeria do Rock (São Paulo), ir no cinema e assistir filmes como Karatê Kid e não precisar sair e pagar outra entrada, pois naquele tempo com um ingresso podia se passar o dia lá dentro, entre tantas outras coisas.

Os jogos de RPG de mesa como D&D são muito mencionados. Aqueles que assistem a série da Netflix, “Stranger things“, irão se situar bem fácil nas palavras e nomes de personagens, incluindo Cobra Kai, outra série do canal de streaming. Fãs da cultura japonesa irão delirar com os personagens comentados no livro como Ultraman, Gundam, Evangelion e por aí seguem em homenagens.

E vão parar muitas vezes para fazer alguma anotação ou até mesmo transformar este livro em um jogo de RPG. Que por sinal, fica a dica para os antigos jogadores ou até mesmo os novos.

Jogador Número 1 é um bom livro para ser lido com descontração e sem pensar em senso crítico social e político. Apenas para se lembrar da época de ouro da cultura nerd com suas criações e inovações. Ou mesmo aprender mais sobre ela.

O livro ganhou um filme que chegou nas telas em 2018 pelas mãos de Steven Spielberg, que acabou ganhando uma homenagem no livro.

Resenha | Jogador Número 1 - Ernest Cline 2

E agora pegue o seu livro, sente-se em um lugar confortável, coloque sua fita no seu walkman, aperte START, diga sua frase para iniciar – “Saudações, Guerreiro Estrelar. você foi recrutado pela Liga Estrelar para defender a fronteira da galáxia contra Xur e a armada Ko-Dan” – e seja bem vindo JOGADOR NÚMERO 1!

Resumo
Nota do Thunder Wave
review-edicao-de-jogador-numero-1-da-intrinseca-e-uma-verdadeira-obraA nova edição de Jogador Número 1 é uma homenagem a todo fã de livros e principalmente do público nerd que busca mais do que uma boa leitura.

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