São Paulo será a primeira cidade do País a receber o inovador Festival de Cinema Acessível Kids – a serviço da inclusão educacional, que recentemente foi aprovado para a 36ª edição do Criança Esperança. O projeto, que conta com o selo da Unesco, aproxima da sétima arte as crianças com deficiência visual, deficiência auditiva e com deficiência intelectual, e mostra como educação, cultura, tecnologia e solidariedade podem ser agentes de transformação e inclusão social.
O projeto nasceu há sete anos no Rio Grande do Sul, como Festival de Cinema Acessível, idealizado pelo empreendedor e musicista Sidnei Schames, o Sid, presidente da OSC Mais Criança (a proponente do projeto) e diretor da empresa Som da Luz. Logo na estreia, em 2015, seu filho, David, então com oito anos, não pode entrar no cinema, por não ter a idade necessária. Acabrunhado, exclamou: “meu pai criou um Festival Acessível para os outros; mas não é acessível para mim!”. Logo depois, transformou a indignação em projeto: “Pai, que tal a gente criar também um festival para as crianças? Já tenho até nome e slogan: ‘Festival de Cinema Acessível Kids, leve seu pai ao cinema!’” Esse é o projeto que foi lançado em 2017 e agora sai dos limites do Rio Grande do Sul e ganha o País, encorpado pela capacitação de professores de escolas da rede pública e privadas a serviço da inclusão educacional.
Em São Paulo, o projeto acontecerá no clube “A Hebraica” (rua Hungria 1.000, Teatro Arthur Rubinstein), nos dias 6 e 7 de junho e em dois CEUs no dia 8, também em junho. No primeiro dia na Hebraica, das 9h às 15h acontece uma oficina para educadores. No dia seguinte, acontece a exibição do filme “Malévola”, às 9h e às 14h. O filme será exibido com audiodescrição, Libras e legendas descritivas. A entrada é franca, mas é preciso fazer a inscrição pelo e-mail [email protected]. No dia 8, o projeto vai, com o apoio da Secretaria Municipal da Educação, às 10h ao CEU São Rafael, à rua Cinira Polônio, 100, Conjunto Promorar Rio Claro; e às 15h30 no CEU Meninos, à rua Barbinos, 111, no bairro de São João Climaco. Em ambos os CEUs o filme exibido também será “Malévola”. Segundo Sid Schames, 20 gestores da Secretaria Municipal da Educação participarão da Oficina para Educadores do dia 6 na Hebraica.
Além de São Paulo, o Festival de Cinema Acessível Kids estará este ano em Natal (de 8 a 10 de agosto), Brasília e Campo Grande (em datas ainda indefinidas).
Segundo Schames, o “Festival de Cinema Acessível Kids – a serviço da inclusão educacional”, conta com o apoio da Bem Promotora e da Total Seguros, e em São Paulo SEDPCD (Secretaria de Estado de Direitos da Pessoa com Deficiência), da Secretaria de Cultura de São Paulo, da Secretaria Municipal da Educação, do Grupo Chaverim, do Clube “A Hebraica” de São Paulo e do Studio Z.
Até hoje, em suas versões adulto e infantil, o Festival de Cinema Acessível foi assistido por cerca de 15 mil pessoas, em 34 cidades (32 no Rio Grande do Sul e duas em Santa Catarina), em 88 apresentações presenciais, a última delas no início da pandemia do Covid-19, em março de 2020; além de quatro online, no último ano.
O Festival de Cinema Acessível Kids traz como diferencial a adaptação de obras cinematográficas infanto-juvenis, mas que fazem sucesso com a família toda. Oferece conteúdo acessível de qualidade para uma parcela da população privada do direito de ter acesso à magia do cinema. As ações de inclusão cultural para o público das pessoas com deficiência são raras e, quando existem, invariavelmente assistencialistas.
De acordo com Schames, os filmes têm audiodescrição das cenas para quem não enxerga, janela de libras para quem não ouve e legendas descritivas para quem não sabe Libras. “Para chegar às telas de cinema com toda a acessibilidade necessária, tudo é gravado em estúdio. É preciso de tecnologia e muita sensibilidade”, diz. E acrescenta: “Todos somos diferentes, mas podemos compartilhar uma mesma sala de cinema. Nas sessões tem o pai com deficiência visual, com o filho que enxerga; a filha com deficiência auditiva com a mãe que escuta, crianças com deficiência intelectual ou mental…e todos estão juntos se divertindo dentro do cinema”. David, hoje com 15 anos, diz: “criamos o Festival para todo mundo ser igual. Não igual no sentido de ter as mesmas características, mas os mesmos direitos e possibilidades. É um momento de inclusão estar todo mundo, pessoas com e sem deficiência, assistindo ao filme.”
Quando David e Sid contam sobre pessoas sem deficiência, se referem também a quem vai às exibições como um exercício de aprendizado e empatia. “Fizemos sessões em escolas, onde as crianças assistem aos filmes de olhos fechados para sentir como é um mundo sem imagens. Assim, esses alunos se colocam na posição do Outro e aprendem a entender e respeitar as diferenças”, reflete Sid.
Para 2022, há muitos planos. Com a participação no “Criança Esperança” e o apoio da “Bem Promotora” e “Total Seguros”, o projeto viajará primeiro, como citado no início do release, para Natal, Brasília e São Paulo. Além dos filmes, serão dadas oficinas para educadores. “Se conseguirmos contribuir com os educadores para fazer o acolhimento de forma adequada, estaremos cumprindouma função muito importante, já que aumentaremos a velocidade dessa mudança na sociedade. Se mostramos que a inclusão é perfeitamente possível, ela se torna natural. Estamos fazendo parte de uma história importante, do caminho da acessibilidade, do tudo para todos”, diz Schames, que espera atrair mais cidades e apoiadores à medida que o projeto se tornar mais conhecido.