Após várias desilusões amorosas, decepções e frustrações, Jen Walters (Tatiana Maslany) parecia ter encontrado seu final feliz com o Demolidor/Matt Murdock (Charlie Cox). Sim, a tão aguardada participação especial aconteceu, mas não foi da forma que era imaginada. E foi positivo. Nos episódios anteriores que possuem alguma participação especial, vemos que o protagonismo da série é dado para as aparições ilustres enquanto a nossa protagonista não é a dona de seu próprio show. Porém, vimos que a presença de Demolidor está mais para coadjuvante, mas não deixa de ser uma participação emocionante, além de render boas sequências e a química entre ele e Jen é sensacional. Infelizmente, com cenas desagradáveis o episódio termina com um terrível gancho a ser retomado pelo nono e último episódio da temporada.
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Neste oitavo e penúltimo episódio, vemos Jennifer defendendo o caso do Homem-Sapo que está movendo uma ação contra o alfaiate que criou seu traje que apresentou um mal funcionamento. Porém, Jen não contava que Luke Jacobson (Griffin Matthews) seria assessorado por ninguém menos que Matt Murdock, embora ele não tenha visão, tem um faro mais que apurado para vencer a nossa protagonista nos tribunais.
O oitavo episódio de She-Hulk conseguiu ser direto, objetivo e muito mais coeso que seus antecessores – na verdade, deveria ter sido assim desde o início, mas tudo bem -, e o caso que foi levado para o tribunal, foi resolvido rapidamente. Logo, escancarou um outro problema da série, não explorou a premissa como deveria, deixando tempo de sobra para algumas firulas como o sequestro do alfaiate pelo Homem Sapo que, francamente, é um vilão patético em tela.

Mas esse imbróglio do Homem Sapo resultou em belas cenas de ação entre Demolidor e She-Hulk contra o vilão e seus capangas. A recompensa para o público foi ver a formação do casal Jen-Matt de forma veloz. Talvez seja, por isso, que o episódio foi direto e objetivo. De forma assertiva, funcionou bem esse desenvolvimento e a personagem título está em seu melhor episódio, o carisma dela transborda e nunca a vi tão divertida – lembrou ao primeiro capítulo quando fez dupla com seu primo e Bruce Banner.
A direção foi eficiente ao criar essa química entre os personagens. Foi algo natural e ver o Demolidor numa outra roupagem, menos sombrio, fez bem ao personagem. O ponto negativo é a aceitação de Jen em assumir seu alter ego, não dá pra ser 08 ou 80. Ou ela assume que tem super poderes e um alter ego verde esmeralda ou ela engole o choro e segue sendo apenas “Jen”. Aqui, ela até usa um traje específico para sua atuação como heroína, deixando a pauta da auto aceitação um tanto estranha porque nem ela sabe o que quer. Outro ponto incômodo é o uso covarde da quebra da quarta parede, que nem foi tão usado assim em toda a série e aqui, vemos que foi bem usado e não pelo roteiro e sim pela Jen, das outras vezes foi usado sem muita criatividade como para riscar o item da “to do list”. Aqui o uso fez sentido e foi bem executado.

Um dos ganchos do episódio anterior é retomado aqui. Lembra da premiação? Então, é nos minutos finais que ela acontece e servirá de fio condutor para o último episódio. Pois bem, o evento se revelou uma armadilha para a nossa protagonista, pois, o prêmio foi distribuído a todas as profissionais presentes e o misterioso HulkKing e outros membros da Inteligência — seguidores e não capangas, como bem explicou o Demônio de Hell’s Kitchen — de forma negligente, usaram o evento para expor a intimidade de Jen com o cafajeste do Josh e, com isso, um novo nível de raiva foi mostrado pela heroína.
Vejo uma crítica nesse arco do grupo dos haters. Aqui, ao exporem a privacidade de Jen, vemos que nós, mulheres, precisamos estar sempre vigilantes porque não sabemos das intenções reais das pessoas que se aproximam. Muitas vezes, de forma genuína nos entregamos e somos apunhaladas pelas costas. E o estrago de uma reputação manchada tem consequências desastrosas como o final do episódio bem representou. Se tem algo que She-Hulk deixou claro em seus oito episódios, é a sua inserção num cenário machista. Além de ser divulgado momentos de caricias com o Josh, ouvimos um coro dos membros do grupo misógino gritando “vadia”, como se já não fosse cruel e desumano expor a privacidade de uma mulher. Infelizmente, sempre somos rebaixadas a adjetivos pejorativos como vadia, vagabunda, puta, safada e muitos outros.
É preciso lembrar de algo que faz muito sentido assistindo esse episódio. No capítulo de abertura, Bruce Banner (Mark Ruffalo) alertou a prima sobre algo importante: “é um caminho sem volta quando as pessoas começarem a te enxergar como um monstro”. No momento em que ela fica furiosa e perde o controle se comportando da forma que todos esperam, como o verdadeiro monstro que ela “é”, a Gigante Esmeralda. E isso é o suficiente para que ela fique na mira de muitas armas.
Quem é HulkKing ou quem faz parte da Inteligência não é explicado aqui e será retomado no próximo episódio. Se a amostra de sangue de Jen deu origem a um Hulk Vermelho — inclusive, é citado nominalmente quando ela percebe que há algo de errado com o episódio —, e a Inteligência alcançou a sua meta. Será que She-Hulk conseguirá se recuperar do golpe baixo que sofreu? Só teremos certeza no último episódio da temporada.