E chegamos no nono e último capítulo de She-Hulk e devo confessar que foi uma experiência confusa e decepcionante. Uma série sobre uma advogada que se torna super-heroína tinha tanto potencial para ser uma produção incrível e desde o início foi marcada por ter altos e baixos. Vimos participações interessantes como a do Demolidor, Emil e Wong. Além disso, presenciamos Jen sair dos eixos no oitavo episódio e tudo levava a crer que o gran finale seria supimpa! Infelizmente, fomos enganados.
O nono episódio não é tão ruim assim, mas não chega a ser algo extraordinário que estávamos pensando. De forma “singular”, ela decide resolver as coisas ao seu modo, seja como super-heroína ou como advogada, ela decide tomar as rédeas da situação e entregar um final normal, sem pancadaria, Hulk ou Banner salvando o dia, essas coisas. Na verdade, sabemos que a Marvel Studios gosta de finais “grandiosos” e, tendo ciência disso, Jen resolve ir até o dono dos porcos e resgatar o seu show. Esse episódio foi bem mais ousado, pois, foi além da quebra da quarta parede, mas tem muito mais questões levantadas do que respostas dadas e o final ficou capenga.

Por exemplo, neste episódio, questões ligadas a paternidade dos super-heróis, a existência dos X-Men – que foram citados aqui com uma certa ênfase, a necessidade de incluir outros personagens para que o universo se expanda mais e mais, além claro, dos clichês que os roteiristas e produtores recorrem em produções do gênero. É inegável a diversão que todos esses elementos proporcionam, mas o mais importante é a qualidade narrativa, uma coesão e coerência dos fatos que não houve aqui.
Um ponto positivo foi o final não ter tido porrada, tiro e bomba ou aquela dualidade sempre vital onde o bem tem que vencer o mal se mostrando uma ideia original e um diferencial dentro do leque de opções oferecidas pelo MCU. Mas serei ranzinza e continuarei afirmando que o final não me agradou porque foi entregue tudo aquilo que a série sempre criticou como a aparição de seu primo. Em uma das cenas, She-Hulk é contra o retorno de Bruce para salvar o dia, mas no final do episódio ele aparece para introduzir novidades em primeira mão. Foi desnecessário, ele nem precisava ter aparecido. E essa cena é contrária ao momento em que Jen fala que quer fazer tudo diferente, sem interferência da Marvel. Não faz sentido.

A organização intitulada Intelligencia que era para ser o vilão ou a ameaça que nem de longe representa perigo, é patética. O retiro do Abominável representa mais perigo do que os trolls da internet. O resultado é um encerramento que aproveitou mal todos os seus ganchos. A personagem Titânia retorna, faz uma participaçãozinha e é esquecível de novo. Então o que ela enfrenta no final? O sistema de sua própria criadora. É uma autocrítica que repete os mesmos erros.
Algo que teria feito toda a diferença desde o início é a abordagem do direito no universo dos super-heróis que não vimos com tanto afinco e profundidade. Vemos questões tão legais como misoginia, invasão de privacidade e muitos outros assuntos que poderiam ter um aproveitamento melhor e nada. O elenco super carismático encabeçado por Tatiana Maslany não teve o reconhecimento que eles mereciam. A narrativa soube ser inventiva em alguns momentos, mas em outros foi “Maria vai com as outras”. Para amarrar, o final parece ter sido construído a partir de uma ideia que foi para uma outra e no fim decidiram fazer algo totalmente diferente do que foi pensado anteriormente. Corajoso? Sim. Deu certo? Eis a questão.
A série She-Hulk está totalmente disponível através da plataforma Disney+. Ainda bem que não tivemos nada de Vingadores aqui ou do Hulk Vermelho que foi mencionado no episódio anterior. O episódio Whose Show Is This? mostra que She-Hulk: Defensora de Heróis, a oitava série do Universo Cinematográfico Marvel e a última da Fase 4 – aliás, acaba com Wakanda para Sempre -, veio para divertir (tenho minhas dúvidas), debochar e jogar algumas questões no ventilador para serem respondidas (ou não) na Fase 5. Tem algo que não falei antes, mas vale ser dito agora, gostei da abertura deste episódio e tem cena pós crédito – eles não se decidem, né?.