Critica: Star Wars – O Despertar da Força

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“Enquanto houver luz, ainda temos chance”. A frase dita pelo exímio piloto Poe Dameron (Oscar Isaac, de Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum), durante um dos momentos cruciais de Star Wars: O Despertar da Força (Star Wars: The Force Awakens, EUA, 2015), define muito bem o período de expectativa que durou entre o anúncio da realização de uma nova trilogia para a saga espacial, criada por George Lucas, e a estreia do primeiro episódio, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (17). O que era visto com desconfiança e até como algo desnecessário, aos poucos, foi cativando os fãs de longa data e, antes mesmo da chegada do Episódio VII aos cinemas, novos admiradores de Luke Skywalker e companhia já circulavam por aí, com seus sabres de luz em mãos e máscaras do Darth Vader. O que, no começo, parecia improvável, ao fim da sessão, torna-se crível: a Força ainda se faz presente em Star Wars.

Visto como a nova (e única) esperança para provar a relevância de uma nova trilogia cinematográfica para a série e mostrar que a Disney, nova detentora dos direitos sobre a marca, não está preocupada (apenas) com dinheiro, J.J. Abrams assumiu a ousada tarefa. Tendo recém-lançado Além da Escuridão, o segundo filme do reboot de Star Trek nas telonas, a mudança de franquia gerou uma certa estranheza – levando-se em conta a “rivalidade” entre os fãs das aventuras –, mas também alívio: afinal, os dois longas que traziam Kirk e Spock de volta à Enterprise conquistaram público e crítica e deixaram evidente o talento Abrams como cineasta. Star Wars: O Despertar da Força, por sua vez, consagra de vez a capacidade que J.J. tem como narrador e faz dele, neste final de 2015, o nome mais celebrado entre os realizadores de Hollywood.

Resenha Star Wars O Despertar da Força
BB8 em Star Wars: O Despertar da Força | Imagem: Lucasfilm

Completamente desvinculado do universo expandido da saga espacial – composto por um sem número de livros, HQs, games, animações e por aí vai –, a trama de O Despertar da Força entrega algo completamente novo. Passando-se um bom tempo desde a destruição da segunda Estrela da Morte e a derrota do Império ao final de O Retorno de Jedi (o Episódio VI), o novo filme introduz uma outra ameaça: sob o comando de Kylo Ren (Adam Driver, de Frances Ha), as forças do Império resistem. Para que um novo reinado, sob a sombra do lado negro da Força, seja estabelecido, é necessário que Luke Skywalker (Mark Hamill), o último Jedi, seja exterminado, eliminando, de uma vez por todas, o lado da luz. Durante a sanguinolenta caçada de Kylo, Finn (John Boyega, de Ataque ao Prédio), um stormtrooper a serviço do Sith, decide desertar. Em sua busca por um novo destino, o ex-soldado topa com Rey (Daisy Ridley), uma garota que tira o seu sustento da venda de sucatas. Solitários, os dois unem forças quando se veem envolvidos na batalha entre a Resistência, liderada pela General Leia Organa (Carrie Fisher), e o novo Império, conflito este capaz de decidir o destino de toda a galáxia.

Entregar mais do que isso pode estragar a experiência proporcionada pelo Episódio VII. Todo o mistério que cercou a produção e a divulgação tímida, porém extremamente eficiente, prova que ainda é possível (e muito legal) esconder a trama de um filme para que esta seja revelada no momento certo, isto é, durante a sessão de cinema. Aos ansiosos, o alento: Star Wars: O Despertar da Força é, sim, o melhor filme da saga desde O Império Contra-Ataca (Episódio V), considerado a obra-prima da série, por conta de sua narrativa extremamente bem construída, ritmo dinâmico e pontos de virada inesquecíveis, ainda hoje surpreendentes. Todos esses adjetivos atribuídos ao filme de 1980 cabem perfeitamente à mais nova produção, com um diferencial: o talento do casal de protagonistas. John Boyega e Daisy Ridley cativam sempre que preenchem a tela, o que leva o espectador a se importar com Finn e Rey. Acredite: se você for ao cinema louco(a) para reencontrar Luke, Solo e Leia, em poucos minutos você terá esquecido deles, quando os dois novatos assumem o protagonismo da narrativa. Isto é ruim? De maneira alguma! Quando os personagens clássicos entram em cena, o que já estava bom fica ainda melhor. Ponto para o roteiro escrito a seis mãos por Lawrence Kasdan (roteirista dos Episódios V e VI), Michael Arndt (Toy Story 3) e pelo próprio Abrams, cujo texto permite uma construção cuidadosa dos personagens de maneira que a plateia se importe com eles, mesmo com muita coisa a ser apresentada, algo que, certamente, ficará para os próximos filmes.

Star Wars O Despertar da Força
Star Wars: O Despertar da Força | Imagem: Lucasfilm

Vale, mais uma vez, destacar a direção de J.J. Abrams. Levando em consideração que Star Wars sempre foi conduzido com mão de ferro por seu criador, George Lucas, assistir a um filme da saga que não possui amarras e é resultado do trabalho de seu diretor é um presente para o público. O Despertar da Força é uma obra de Abrams do começo ao fim e todas as características que marcam a maneira como o cineasta trabalha a linguagem cinematográfica estão presentes em cada fragmento. Uma das marcas que particularmente mais me agradam é como sua câmera, constantemente em movimento – mas sem o exagero de cineastas menos talentosos – atribui às cenas fluidez, permitindo que o espectador participe da ação, mesmo diante de planos aparentemente estáticos. Tal técnica atribui ao Episódio VII uma direção cuidadosa, algo que faltou nos filmes da nova trilogia (Episódios I, II e III), todos dirigidos por um George Lucas egoísta e enferrujado, resultando em filmes que têm seríssimos problemas de ritmo e são carentes de uma genuína emoção.

Repleto de momentos catárticos e com um humor de timing perfeito (outra característica de seu diretor), a última boa impressão que fica de Star Wars: O Despertar da Força é a capacidade que o filme tem de pegar inclusive quem não conhece a saga. Justamente por atribuir a Finn e a Ray o protagonismo, nunca ter visto Luke, Leia e Solo nas telas, acredite, não fará diferença. Golaço da Disney que, ao entregar uma produção que agradará em cheio aos fãs e também cativará os iniciantes no universo, pode obter uma renda maior do que a esperada. Se ainda duvida do bom negócio que a Disney fez ao comprar os direitos da saga e investir numa nova trilogia, é bom repensar.

Veja a ficha técnica e elenco completo de Star Wars: O Despertar da Força

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