Neil Druckmann, criador da franquia The Last of Us, está revisitando sua própria criação ao roteirizar, ao lado de Craig Mazin a produção serializada da HBO Max.
Em visita ao Brasil, para divulgação da série ao lado do elenco e do próprio Mazin, Druckmann falou a diferença do processo de criação entre uma série e um jogo e ressaltou os pontos mais importantes da história.
Atualmente, Druckmann está em seu quarto projeto envolvendo The Last of Us – três envolvendo o jogo e o quarto agora a série. Sobre o processo de trabalho nessa nova jornada, ele diz: “O trabalho foi diferente de uma maneira, de certa forma é uma história completamente diferente, não apenas entre mim e meus outros diretores, é diferente por estarmos sempre perguntando o que é e o quê estamos tentando dizer, como podemos fazer isso de forma mais eficaz e honesta possível. E, em seguida, estar aberto à ideia de torná-lo a melhor versão.”
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E o processo exige algumas técnicas. “Neste caso, foi saber não estar muito apegado às coisas que já temos prontas e entender que essa mídia tem diferentes pontos fortes e fracos. É um trabalho de ir constantemente perguntando qual a melhor versão para esta história, para este meio e estar aberto para às vezes fazer coisas de forma idêntica como temos no jogo e às vezes desviando descontroladamente porque é o melhor para a trama.”

Neil ressalta constamente o quanto o trabalho colaborativo é importante: “Eu trabalho melhor com esse tipo de colaboração, seja com meu co-roteirista, com Craig ou um ator/atriz. Merle [Dandridge] teve que trazer uma Marlene diferente porque ela está atuando com uma versão ligeiramente diferente de Joel e Ellie e todos os outros personagens. Trata-se de ser autêntico com o que é isso. Não quero dizer desafio, mas foi algo que nos lembra constantemente do que precisávamos fazer para fazer o certo”.
As necessárias mudanças em personagens
Os personagens no game The Last of Us já são muito completos, mas para transmitir seus receios e intenções para o público em uma série podem exigir algumas mudanças. Druckmann comenta uma maneira interessante de fazer isso: “Eu acho que para cada personagem da história, para encontrar sua própria motivação interna, é preciso pegar os personagens interessantes pelos quais você está torcendo e colocá-los em conflito um com o outro”.
Gravando uma série pós apocalíptica durante a pandemia
The Last of Us trata de um mundo pós sofrer uma epidemia que dizimou a população. Curiosamente, a série foi gravada durante a pandemia de COVID e é interessante como essa nova perspectiva muda algumas noções que se tinha na trama anterior. “Percebi que tínhamos muito papel higiênico no jogo”- brinca Neil.
Algumas atualizações precisaram ser feitas: “Tentei muito fazer o jogo, mas fizemos muitas pesquisas sobre a gripe espanhola e outros surtos. Pesquisamos como indivíduos versus grupos maiores, versus governo, para que continuasse a passar a mensagem que realmente queríamos. Queria mostrar que os fungos são perigosos e acho que foi importante capturar o que acontece quando você não pode derrotar uma coisa tão horrível quanto alguns desses surtos. Então tivemos alguns reflexos do que está acontecendo no mundo, mas infelizmente não é o primeiro e provavelmente não será a última vez que teremos que lidar com algo assim.”
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A série The Last of Us se baseia no jogo homônimo criado pela Naughty Dog para a PlayStation, lançado originalmente em 2013. A trama gira em torno de Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey), uma dupla que se conecta através da dificuldade do mundo em que vivem, e são forçados a passar por circunstâncias brutais e enfrentar monstros impiedosos em uma jornada pelos Estados Unidos após um surto apocalíptico.
The Last of Us estreia dia 15 de janeiro na HBO Max.