Após o surto de COVID-19, a palavra pandemia começou a fazer parte do nosso vocabulário rotineiro. Entretanto, há uma pandemia mais longa do que esta, que vem me preocupando a muito mais tempo: o enorme crescimento de transtornos mentais.
Enquanto o mundo está cheio de notícias sobre a evolução do COVID, acompanho os desabafos e avanços de pessoas que tentam ou ameaçam suicídio, pedem por socorro, conselhos e ajudas para tentar viver uma vida em paz, livre dos pensamentos, pânicos e desânimos que as abatem diariamente. A pior parte disso é que a pandemia atual apenas agravou esse caso, piorando os que já sofriam com isso e dando novos transtornos aos que não conseguem se adaptar a quase um ano de confinamento.
É claro que devemos nos preocupar com o avanço e os cuidados necessários contra o COVID, mas estamos deixando a mente de lado, e essa parte não pode ser menosprezada. O aumento de pessoas tentando suicídio é alarmante, e vejo esse crescimento diariamente. Por incrível que pareça, ao contrário do que muitos estão acreditando, os casos atuais que acompanhei não possuem nenhuma ligação com a complicada situação que estamos vivendo, e sim com os gatilhos que já existam há muito tempo, muito antes de se pensar em ter um surto de um vírus.
A maioria dos problemas são de convivência, familiares abusivos, acumulo de sentimentos que se tornam insuportáveis e, principalmente, a necessidade de ser ouvido (a) e entendido (a). Por isso escrevo esse texto, acho importante lembrar àqueles que podem ter esquecido de checar como está seu ente querido, de ouvir aquilo que o está sufocando, de entender o que estão passando, num nível que vai além de problemas resultantes da pandemia atual.
Então, ouçam. Mas não apenas com o ouvido, ouçam com o coração, com empatia e apoiem aqueles que estão passando por dificuldades resultantes dos seus transtornos. Para quem observa de fora, pode parecer pouca coisa passar por uma crise, mas para quem está sentindo, é o fim do mundo.