Crítica: Um Limite Entre Nós

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Dirigido e protagonizado por Denzel WashingtonUm Limite Entre Nós traz para as telas do cinema os acontecimentos da peça Fences.

Ambientado na década de 50, o longa se foca em Troy Maxson (Washington), um coletor de lixo amargurado por ter perdido sua oportunidade como jogador de baseball, que precisa lidar com a pressão de sustentar sua família. Seu dia-a-dia se resume a trabalho, Troy precisa trabalhar muito para dar uma vida no mínimo confortável para sua esposa Rose (Viola Davis) e seu filho Cory (Jovan Adepo), além de ajudar na moradia de seu irmão Gabe (Mykelti Williamson), que sofre de problemas mentais devido a um ferimento de guerra, e seu filho mais velho Lyons (Russell Hornsby), que tem dificuldades em se sustentar.

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Troy e Cory

Um Limite Entre Nós explora, entre outros temas, as questões psicológicas das pressões que um homem de família sofre diariamente. Troy demonstra em seu comportamento todas as frustrações que carrega, através de reclamações continuas sobre coisas comuns, principalmente criticando o sucesso alheio, e oposições ao filho que deseja seguir carreira esportiva, o protagonista deixa transparecer que ainda não superou o fracasso como jogador e viver diariamente em um emprego medíocre está apenas piorando a situação.

O formato de teatro foi mantido, exigindo muitos discursos de Denzel , dos quais o ator conseguiu manejar sem a menor dificuldade. Usando praticamente dois cenários –externa e interna da casa, com pouquíssimas cenas em outro local- a obra é explicada apenas por falas, geralmente colocadas em longas histórias de Troy e completadas (ou desmentidas) por Rose, para dar um entendimento completo.

Um Limite Entre Nós é basicamente poesia em forma de cinema. Tratando de assuntos simples, porém tocantes, o roteiro te leva por um casamento cheio de altos e baixos, do qual, sem dúvidas, fará o espectador refletir sobre o verdadeiro significado do amor e companheirismo. Troy é um personagem fácil de se identificar, as constantes provações de sua vida não são raras de acontecer com qualquer um e por isso temos um sentimento ambíguo em relação a ele, enquanto discordamos de suas ações também entendemos o motivo dele reagir dessa maneira.

Manter o máximo possível do formato teatral foi a chave para deixar esse ar poético no filme, entretanto, limitou a aceitação do mesmo. Acredito que apenas os mais familiarizados com as cenas longas e monólogos existentes nas peças irão ver a verdadeira beleza da obra, os que não estão acostumados podem achar maçante.

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Lyons e Gabe

Um Limite Entre Nós foi responsável pelas indicações ao Oscar para Denzel Washington e Viola Davis, que são mais do que justificáveis. O elenco leva toda a produção nas costas, sem suas expressões certeiras para completar as falas, o entendimento do enredo não seria possível. Denzel e Viola dão um show, trabalhando sempre em conjunto e com uma sintonia impressionante, os dois seriam capazes de contar uma história apenas com o corpo. Eles se destacam, mas não são os únicos atores maravilhosos, o elenco inteiro possuí uma sintonia e qualidade ótima. Mykelti Williamson, que mesmo fazendo um incrível trabalho como um debilitado foi deixado de fora das indicações, entrega muito bem seu papel e merece uma menção honrosa.

Todos esses elementos fazem de Um Limite Entre Nós uma obra de encher os olhos, com um ótimo conteúdo.

Um Limite Entre Nós estreia dia 2 de março nos cinemas, com pré-estreias de 23 de fevereiro a 1º de março.

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