Um clássico francês, A Vida Pela Frente, lançado pela editora Todavia, é uma simples e profunda história sobre o medo da morte, perdas e preconceitos. Escrito por Émile Ajar, que futuramente se descobriu ser o pseudônimo de Romain Gary, essa linda obra é narrada por uma criança de 10 anos descobrindo os horrores da vida.

A Vida Pela Frente conta a história de Mohammed, conhecido como Momo, um menino que é filho de uma prostituta que ele nunca conheceu e mora com Madame Rosa, uma judia sobrevivente do Holocausto, que também se prostituiu em Paris e, agora aposentada, cuida de crianças filhas de outras mulheres. Através da narrativa do garoto, conhecemos sua vida e dos outros filhos de mulheres “que se viram”, como ele mesmo chama, na casa de Madame Rosa e seus problemas de saúde. De forma não linear nos comentários de Momo, o leitor descobre que vários meninos passam pela casa dela, mas ele é o único que acompanha o tempo todo.

Desde o inicio da obra é explicado que o estado de saúde de Madame Rosa é delicado, ela sofre com obesidade mórbida e está idosa. Eles vivem em um apartamento do sexto andar de um prédio decrépito na periferia da capital francesa, onde só se chega de escadas e ela constantemente reclama que essas escadas serão sua morte. Seus vizinhos são outros imigrantes, árabes, judeus, negros: todos eles têm em comum a pobreza e a luta pela sobrevivência.

A escolha de narrativa é o grande diferencial desse livro, que inova ao colocar assuntos tão complicados vindos da boca de uma criança. Escrito em primeira pessoa, as ideias e palavras de Momo ainda criança e pouco instruido ditam essa história, que por muitas vezes é atropelada por lembranças passadas ou comentários avançados no tempo pelo narrador. Entretanto, poucas palavras são substituidas e mesmo com sua inocência infantil, Momo usa de verbos pesados para contar o que vê e ouve, mesmo que nem sempre saiba o que cada um significa.

Levado por sua falta de amor materno e as constantes reclamações de Madame Rosa sobre sua saúde, Momo cria cada vez mais pânico de perder a única pessoa que tem para cuidar dele. Com um relato verdadeiro sobre o psicológico sensível das crianças, ele é sugado pelos traumas de sua tutora, sobrevivente do holocausto, que possui temores extremos e traumáticos, dos quais, mesmo sem perceber, Momo acaba rapidamente adquirindo.

A Vida Pela Frente é escrito de maneira leve e corrida, como se realmente estivessemos ouvindo uma criança contar algo de sua vida. Entretanto, de maneira um pouco atropelada e desconexa, Momo relata preconceitos dos quais nem ele mesmo consegue entender direito, relativos aos negros, judeus e os próprios muçulmanos, enquanto mostra de um ponto de vista totalmente diferente as visões da velhice e os medos de perder quem se ama.

É uma emocionante obra que mostra muito sobre as dificuldades da vida, revelando que são sofridas por todos, até por aqueles que parecem alheios a elas.

Resumo
Nota do Thunder Wave
resenha-a-vida-pela-frente-romain-garyA Vida Pela Frente é uma emocionante obra que mostra muito sobre as dificuldades da vida, revelando que são sofridas por todos, até por aqueles que parecem alheios a elas.

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