Resenha: O Construtor de Pontes- Markus Zusak

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Conhecido por A Menina que Roubava livros, Markus Zusak é um autor que sempre é associado a essa obra. Exatamente por isso, é praticamente impossível não comparar seus lançamentos com esse sucesso. O Construtor de Pontes, seu novo romance, chega às livrarias com essa comparação embutida até mesmo na divulgação, porém sua temática não é nada semelhante a do antigo livro.

O Construtor de Pontes não apresenta uma trama escrita pela morte – mesmo tendo algumas tragédias embalando os acontecimentos principais. Também não mostra vidas dificultadas pela guerra, mas sim pelo próprio cotidiano. Acompanhando a vida da família Dunbar, a trama é narrada pelo irmão mais velho, que depois de adulto resolve contar a história dele e seus 4 irmãos.

Ao longo da não-linear narrativa, o leitor vai aos poucos descobrindo os detalhes da história. Os irmãos Dunbar foram abandonados pelo pai após a morte da mãe. Anos depois, o patriarca resolve retornar para pedir ajuda para construir uma ponte em sua cidade e quando Clay resolve ajudá-lo, acaba entrelaçando as vidas de todos, construindo literalmente e metaforicamente uma ponte que irá permitir o acesso de uma cidade a outra.

O Construtor de Pontes acaba tendo uma trama muito cotidiana. Mostrando nada mais do que a vida da família – e algumas pessoas que se ligam a elas-, o livro passa do início ao fim ditando desde a infância do pai, o casamento dele com a mãe até os dias atuais. É nada mais do que a vida como ela é, com seus altos e baixos e as pequenas atitudes que influenciam todos ao nosso redor.

O único problema fica na maneira ramificada que Zusak escolheu escrever a obra. É costumeiro ver narrativas que vão do presente ao passado para explicar melhor as situações, porém aqui, o autor escolhe mostrar tempos diferentes não apenas entre capítulos, mas entre parágrafos. Em um momento está contando o que acontece no presente, na cozinha da família, para então ir ao passado ou um futuro próximo para explicar um outro assunto, e então retornar para o acontecimento principal. Essa narrativa dificulta bastante a leitura no inicio, além de pesar contra o interesse do leitor, já que a confusão criada na mente com tantas idas e voltas desanima.

Lá pela metade da obra a narrativa se torna costumeira e a curiosidade para saber mais sobre a vida da família vence, e então o livro se torna de fato interessante.

O Construtor de Pontes mostra uma bonita e trágica história de uma família. Sem artifícios ou uma missão central, a trama apenas acompanha vidas comuns e deixa ensinamentos sobre os problemas da vida. Para os que conseguem se acostumar com a estranha ida e volta da escrita, é uma ótima obra.

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