Clássico de David Cronenberg, Gêmeos: Mórbida Semelhança rendeu vários prêmios e é conhecido até hoje como um notável exemplo de thriller body horror (terror corporal), que vem sendo aclamado desde seu lançamento em 1988. 35 anos depois, a Amazon Prime Video lança um remake em forma de série, Gêmeas: Mórbida Semelhança (Dead Ringers), que se mantêm fiel à trama original, atualizando para questões mais atuais e representativas.

Protagonizada por Rachel Weisz como Beverly e Elliot Mantle, Gêmeas: Mórbida Semelhança mantêm o clima sombrio da obra original, mudando a discussão central da trama para questões mais atuais, porém bem parecidas com a ideia inicial. As irmãs ginecologistas atuam em uma clínica, constantemente lutando contra os precários métodos de cuidados íntimos das mulheres, com a gravidez e complicações no parto.

Weisz faz um trabalho ótimo de atuação ao apresentar as diferenças de perfil de cada uma das irmãs. Gêmeas idênticas, elas se diferem bastante no comportamento e entram em conflito com as personalidades distintas que sobressai em momentos cruciais. Enquanto Beverly se mostra mais introvertida e trata tudo com uma seriedade impressionante- porém mantendo uma enorme empatia-, Elliot é extrovertida e faminta, literalmente e sexualmente, sem medo de dizer o que pensa e sempre correndo atrás de seus desejos sem nem pensar em desistir.

Crítica | Gêmeas: Mórbida Semelhança 1
Rachel Weisz como Beverly e Elliot Mantle em Gêmeas: Mórbida Semelhança/ Imagem: Amazon Prime Video

Girando em uma versão feminina que investe em não apenas mudar um protagonista para uma protagonista, mas sim tratar de assuntos que precisam ser apresentados em tela, a adaptação se mostra interessante e necessária, trazendo o mesmo sentimento impressionante do longa de Cronenberg, porém com um conteúdo mais relevante e atual, que compensa o tempo maior de tela. A minissérie também mostra respeito pela obra original, homenageando elementos marcantes como os conhecidos ângulos distorcidos e a paleta em vermelho em momentos pontuais de comportamentos. Tanto a equipe de roteiro, quanto a produção de arte, apresentam um trabalho memóravel em usar uma trama famosa e impressionante sem perder a originalidade de uma história.

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De maneira intismista, Gêmeas: Mórbida Semelhança passa seus episódios com um número restrito de personagens, com o elenco sendo usado apenas como apoio para o grande foco, que gira em torno da protagonista e seu papel duplo. A tóxica codependência da dupla está presente em todos os momentos, sempre representada nas nuances dos comportamentos ou situações que beiram o constrangimento alheio. O clima de tensão gira em torno da narrativa, mantendo sempre a evidente sensação de que algo maior está chegando. Entretanto, mesmo com o foco e incrível atuação de Weisz, há outros destaques, como Britne Oldford, que traz um refresco à tela como Genevieve, interesse amoroso que possui um importante papel na trama. Já fazendo um contraponto necessário, Jennifer Ehle arrasa como Rebecca, uma bilionária excêntrica que se importa apenas com o projeto que está investindo e se torna uma antagonista essencial em sua antipatia capitalista.

Crítica | Gêmeas: Mórbida Semelhança 2
Britne Oldford e Rachel Weisz em Gêmeas: Mórbida Semelhança/ Imagem: Amazon Prime Video

Gêmeas: Mórbida Semelhança é uma obra de qualidade, guiada por uma atuação marcante em meio à uma trama bem sustentada, que sabe manter o suspense enquanto apresenta assuntos relevantes e impressiona em seu final chocante.

Dead Ringers estreia no dia 21 de abril, com seis episódios, no Amazon Prime Video.

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