E se os mortos-vivos fossem capazes de pensar? Nessa história, nosso protagonista (recém) morto-vivo narra seu cotidiano no apocalipse, apresentando-nos a um diferente ponto de vista sobre esse tema que sempre é abordado por nossos semelhantes, os vivos. Conheçam a narrativa enquanto somos levados por situações absurdas e as narrações incríveis de Joe, o morto-vivo!
Na grande maioria das vezes quando alguma obra, seja ela do audiovisual, jogos e livros, aborda o tema apocalipse zumbi, sempre é mostrado os humanos tentando sobreviver a estes seres que não mais pensam e só querem a carne humana – ou cérebro dependendo da obra -, e de outros seres vivos.
A crítica é sempre sobre nossa sociedade consumista, modo de vida, uma abordagem as indústrias farmacêuticas, militares e assim se segue a lista. Ela é grande e os fãs já a conhecem de cor.
Mas existe um livro diferenciado – e bem pequeno em número de páginas – sobre este assunto: As Últimas Memórias de um Morto Vivo de Diego Rates lançado pela Editora Viseu. Com um ponto de vista bem diferente e com uma escrita muito formal que lembra livros como Memórias Póstumas de Brás Cubas, somos apresentado a Joe, um morto-vivo com uma mente bem viva.
O livro mantém o senso crítico do gênero zumbi, mas agora muito mais forte e irônico, já que é um zumbi a fazer toda a sua manifestação a respeito de nossa sociedade. Diego Rates brinca com o conceito ao nos mostrar através dos olhos de um morto-vivo, o quanto somos apegados a um estilo de vida que mais nos transforma em zumbis dependentes do consumo e do tempo, do que realmente sermos vivos e apreciarmos a vida como ela é.
Através de Joe, o leitor irá perceber que os momentos que um zumbi passa indo de um local para o outro, sem pressa, era o que realmente os vivos deveriam estar fazendo. Além disso, a própria alimentação é questionada por esse zumbi.
As Últimas Memórias de um Morto Vivo é um livro diferente, crítico e cômico. Não possui uma excelente diagramação, mas é um prato cheio – com o perdão da palavra – para aqueles que buscam algo sem compromisso, mas que ao mesmo tempo tenha uma pegada com conteúdo.