Estamos na reta final de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder, o sétimo episódio “O Olho” apresenta um capítulo que foca nas consequências de tocar as trevas. Apesar de ter mostrado cenas tristes, dolorosas cujo sentimento de derrota é inevitável, a trama também mostra que a coragem, a persistência e a esperança não morrem de forma fácil. O sétimo episódio encerrou-se com ganchos importantíssimos para o gran finale deste primeiro ano. De fato, a série soube preparar bem o caminho para o seu último episódio. 

Algo muito intrínseco na obra de J.R.R. Tolkien, é o quanto o autor gosta de enaltecer a importância da coragem e bravura em tempos tomados pela escuridão. Infelizmente, a força que é necessária para continuar a lutar, nem sempre encontramos onde se espera. No episódio anterior, vemos uma aliança ser retomada como a cooperação entre os homens de Númenor com a elfa Galadriel e Halbrand para combater a ameaça de Sauron. A visão do escritor sempre foi muito clara e analítica para as atitudes egoístas daqueles que lideram ou buscam liderar, e pelo o que pode ser visto em suas obras, ele tem o costume de mostrar que a união de diferentes raças em pro de um bem maior é sempre uma saída para vencer tempos sombrios.

A trama do atual capítulo trabalha todos os núcleos que parecem terem sido afetados pela guerra em Southlands… calma, vou explicar. Quando um núcleo perde uma batalha, os demais também sofrem com situações parecidas, mas no sentido de terem seus conflitos perdidos, o sentimento de derrota fica em cada cenário apresentado. Diferente dos episódios antecessores, esse soube como juntar os grupos sem parecer uma desordem histérica já comentada aqui em críticas anteriores. Ainda que, com alguns erros, mas agora o que está estabelecido não dá para mudar.

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Galadriel e Theo / Reprodução Amazon Prime Vídeo

Núcleo de Galadriel vs Adar

No episódio anterior de Os Anéis de Poder, temos aquele final apocalíptico e já iniciamos o capítulo “O Olho”, com a retomada desse cenário de guerra. Nas Terras do Sul, humanos e seus aliados elfos estão se recuperando da erupção do vulcão que deu fim à batalha contra os orcs de Adar (Joseph Mawle). O episódio começa com Galadriel (Morfydd Clark) coberta de cinzas – se você não percebeu ainda é imagem emblemática dos trailers que finalmente aparece em tela -, encontrando-se com Theo (Tyroe Muhafidin) e ambos partem em busca de ajuda.

Enquanto caminhava, pela floresta, Galadriel e Theo compartilharam frustrações, sentimentos de culpa que guardava dentro de si pela catástrofe que aconteceu na batalha e, por muito pouco, não são encontrados pelos Orc. É um momento bem interessante de abertura de ambos personagens, pois, vemos o quanto o sentimento de derrota é algo perturbador e desolador tanto para a elfa quanto para o garoto. Ela conta para o garoto sobre a morte de seu irmão e sobre seu marido, Celeborn, que acredita ter morrido na guerra contra Morgoth – vale lembrar que o personagem apareceu nos filmes de O Senhor dos Anéis, então pode ser que o vejamos em breve, quem sabe.

A trama mostra a rainha Miriel (Cynthia Addai-Robinson) tentando salvar alguns cidadãos de uma casa em chamas com a ajuda de Isildur (Maxim Baldry), porém, o teto em chamas começa a ceder e cai sob o jovem marinheiro – como esse personagem é importante demais para morrer aqui, acredito que ele dará as caras novamente, pois, em uma das cenas mais tristes, o seu cavalo Berek, se recusa a retornar com os númenorianos e foge para procurá-lo. Não temos certeza, mas podemos presumir isso das cenas. Infelizmente, não foi só Isildur que ficou em apuros. A rainha de Númenor não saiu imune da batalha, já que ficou cega por conta das faíscas do teto flamejante quando estava tentando resgatar os sobreviventes. Logo, é confirmado pela cena em que a vemos vendada. Além de ficar devastado com a ausência do filho e com a atual condição de sua rainha, Elendil (Lloyd Owen), se mostra arrependido de ter ajudado Galadriel.

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A rainha fica cega após tentar ajudar os sobreviventes / Reprodução Amazon Prime Vídeo

Contudo, rainha ao reencontrar a elfa guerreira e antes de retornar para a sua terra, Miriel promete que os númenorianos vão retornar à Terra Média para continuar lutando contra o mal de Sauron. Enquanto isso, a Galadriel descobre que Halbrand (Charlie Vickers) sobreviveu, mas está gravemente ferido, e decide levá-lo para terras élficas para curá-lo. Para finalizar a aparição desse grupo, Adar diz aos seus orcs que aquela é a nova terra deles, e a câmera foca o vulcão flamejante ao fundo enquanto algumas letras mostram o temido nome da fortaleza de Sauron: MORDOR.

Em Os Anéis de Poder, podemos ver o afastamento de qualquer representação suave e lúdica, a série do Prime Vídeo mostra pessoas feridas, sangrando, amputadas e mortas, em uma sequência cruel de acompanhar. Afinal, acabamos de ver uma erupção devastando todo o cenário que conhecemos como Terras do Sul e após ser oficializado pela cena final como as Terras de Mordor, o peso dessas palavras transbordam uma profunda tristeza.

Núcleo de Elrond e Durin

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Disa e Durin com a folha da árvore sagrada / Reprodução Amazon Prime Vídeo

Enquanto vemos a repercussão da guerra nas Terras do Sul, Elrond (Robert Aramayo) e Durin (Owain Arthur) não conseguem convencer o rei dos anões  (Peter Mullan) a permitir a mineração do mithril, que se mostrou essencial para o futuro dos elfos. Após um sermão do rei, Durin até se despede de seu amigo elfo, porém, com a argumentação implacável da esposa Disa (Sophia Nomvete) e uma demonstração do efeito milagroso do mithril em uma folha da árvore sagrada, Durin decide agir contra a vontade de seu pai.

Infelizmente, depois de descobrirem uma grande quantidade do que pensavam do mineral, eles são pegos no flagra pelo rei, que expulsa Elrond e, depois de uma discussão intensa, destitui o filho como príncipe e herdeiro do trono. Além disso, o rei ordena o fechamento da reserva de mithril e essa cena entrega um gancho importante para o próximo capítulo, no fundo da montanha, vive o temido Balrog.

Núcleo de Nori e Estranho

Em “O Olho” vemos a retomada do grupo encabeçado por Nori (Markella Kavenagh) e dos outros harfoot às voltas com o Estranho (Daniel Weyman). Finalmente a migração que parece ter durado meses chega ao seu destino, eles se deparam com o arvoredo totalmente queimado. De uma forma inexplicável, o Estranho tenta ajudar com a sua magia, mas os tremores provocados pelo feitiço acabam derrubando um galho de árvore pesado em cima de Nori e da irmã, Dilly (Beau Cassidy) e se mostra ineficaz. 

Após o incidente, o Estranho é despachado do acampamento dos pequenos pés-peludos, seguindo em direção a uma colônia humana próxima que pode ajudá-lo a descobrir as suas origens. Contudo, no dia seguinte, descobrimos que a magia dele funcionou, e o arvoredo mais uma vez está florido. O problema é que, durante a noite, o trio misterioso – aqueles com trajes longos e brancos -, passam por lá e parecem procurar pelo personagem de Weyman. A esperta Nori tenta enganá-los e dá errado. O resultado é a destruição das acomodações dos pés-peludos, pelo fogo ateado pelo misterioso Dweller (Bridie Sisson). Todavia, a esperança é a única que morre e os nossos pequeninos já provaram que são muito corajosos e decidem enviar um grupo para alertar o Estranho sobre o trio misterioso.

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O trio misterioso / Reprodução Amazon Prime Vídeo

Com uma fotografia impecável do começo ao fim, o sétimo episódio consegue transmitir toda a sensação pós erupção e como eles buscam se recuperar fisicamente e emocionalmente. Alguns elementos precisam de uma explicação plausível para terem acontecido como a morte e o provável retorno de Isildur. Sim, ele vai voltar e a série vai ter que rebolar para explicar de uma maneira que faça sentido. A aparição de Balrog serviu como um gancho, mas podemos parar de fingir… foi uma pegada fanservice.

Contudo, o mérito do episódio é construir uma trama sem pressa. Muitos críticos reclamaram do episódio, porém, a maior proeza da produção é construir uma trama coesa e com muito cuidado em torno do material-fonte. Tem erros e falhas como toda adaptação, mas muitos acertos também como a descoberta de que a região que estivemos acompanhando desde o primeiro episódio se transformou em Mordor, e que ali no futuro ficará a Montanha da Perdição e o Olho de Sauron, percebe-se o objetivo da produção sendo alcançado. Embora “O Olho” não tenha empolgado como seu antecessor, o episodio conseguiu usar bem o seu tempo enriquecendo a sua trama com os temas mias relevantes para o desenrolar do próximo episódio.

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